TEMA

Ética, política e sociedade

A ética e a moral são duas palavras cujo significado muitas vezes parecem se confundir até mesmo quando lemos grandes pensadores arriscando-se a explicar o que cada uma nos diz. A ética parece-me estar mais ligada e ideia de liberdade de pensamento e ação em busca do bem próprio ou de uma comunidade na qual esteja circunscrito. A moral parece-me estar mais ligada na questão do bem e do mal, do que deve ou não ser feito, é uma espécie de censura interior que está sempre soprando em nosso ouvido o que podemos e o que não devemos fazer. A ética parece ser a fonte das regras individuais, e das coletivas que são aceitas pela sociedade em um determinado momento; a moral parece ser o escaninho que nos mantém no sentido correto em realizar aceitavelmente estas regras coletivas, mesmo que as individuais sejam diferentes.

A política é o grande núcleo de sustentação da sociedade, não importando qual regime segue, e é através dos conchavos acordados entre os seus representantes, que a ética maior é confeccionada. A constituição é a grande carta magna da ética nacional e estamos moralmente propensos a cumpri-la, sob penas das leis nela estabelecida; ocorre que individualmente, intimamente, não necessariamente seguimos moralmente estas regras, e quando muitos percebem que a ética verdadeira está despontando no corpo submisso em contradição às regras pré estabelecidas, os representantes políticos estabelecem um novo estado das coisas, mudando a ética através de novas regras que vingarão de forma tranquila ou sob forte violência.

Atualmente vivemos em uma sociedade multifacetada, onde uma quantidade muito grande de representantes de valores diferentes conflitam-se em busca do poder que a ética representa. A política é, atualmente, o principal artificio para o poder de definir as regras do que pode ser considerado ético. Por isso podemos presenciar a grande fluência de representantes religiosos para este seguimento. Antigamente o poder total estava nas mãos da igreja; com o tempo ela perdeu a força de estabelecer regras, mas manteve até pouco tempo atrás o poder moral sobre as pessoas. Ocorre que cada vez mais a ética está sendo mudada para esquadros distantes do que a religião aceita, e há a necessidade de intervenção. Não só as igrejas, mas todos os microorganismos sociais competem pelo poder com a finalidade de garantir que sua ética particular tome vulto, e não venham a ser perseguidos moralmente pela falta dela no grande organismo.

Autor: Arnold Gonçalves


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