TEMA

Uma experiência desconfortável na posição de líder.

Um colega de trabalho estava se sentindo desconfortável com suas atribuições na equipe e na empresa. Se sentia mais preparado que os demais e que devia seguir novos rumos em outra corporação, galgando cargos de mais relevância e, consequentemente, com maior remuneração. E assim foi feito, passado curto prazo de procura, ele alcançou uma vaga de gerente de equipe em outro grupo do setor privado.

Algum tempo depois nos encontramos por acaso e fomos ter uma conversa sobre a experiência que ele estava vivenciando:

- Assim que assumi o cargo de gerente percebi que a situação era grave, com sérios erros de procedimentos e interação entre os componentes da equipe. Os problemas acumulados e falta de disposição para solucioná-los. Durante três meses fiz mapeamento dos problemas e propus as soluções em relatórios.

- Muito bem. Fez um trabalho correto de ajustes. Disse eu, pensando estar tudo sob controle. Mas, continuou ele:

- A princípio, o gerente geral me deu carta branca para fizer o que fosse necessário para sanar os problemas. Apresentei os relatórios, propus as soluções e comuniquei que já havia demitido cinco dos dez funcionários da equipe. Não havia condição de continuar com eles. Pessoas com características distintas, mas negativas. Algumas incompetentes, outras sem proatividade, e os piores, sem comprometimento.

- Atitude difícil. São os pesares da liderança. Mas faz parte… Tentei dar meu apoio ao colega, que continuou:

- No dia seguinte a esta conversa o gerente geral me chamou para um particular e me disse: “- O pessoal do RH entrou em contato para informar sobre as pessoas que estão na sua lista de dispensados da empresa. Queria dizer que tudo bem, com exceção de Fulano, que é muito bom.”.

- Mas, chefe. Fulano é o pior dos cinco, não tem comprometimento nenhum com o trabalho e não dá a mínima para ninguém. Prefiro ficar com os outros quatro e dispensar somente ele.

- Não, você está enganado. Ele é muito bom.

- Mas chefe…

- Você é que não está entendendo. Ele é bom. É muito bom mesmo.

Meu colega interrompeu a descrição e voltou-se para mim.

- Gelei. Parei por alguns instantes sem nada falar. Pensei em muitas coisas, como sair correndo, ou pegar minhas coisas e vazar, mas disse ao meu chefe geral… “- Entendi.”. E saí andando para a sala onde estavam os remanescentes de minha equipe.

- Hoje, colocamos as coisas em ordem e estamos trabalhando com nove integrantes muito mais competentes, e Fulano, “que é muito bom”. Todo dia olho para a cara dele e lembro de nossas limitações na vida e na carreira.

Autor: Arnold Gonçalves


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