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Guerra às drogas e segurança pública.

Desde que me dei por gente, na década de 1970, já existia o combate ao tráfico de drogas. Como na grande maioria das guerras, não há vencidos e vencedores. Esta é uma característica de quem vai para o confronto, vencendo ou perdendo terá que conviver pelo resto da vida com os traumas. Neste caso, especificamente, é pior, por ser combate a uma quase guerrilha, que se esconde nas entranhas das cidades, confundindo-se ao cidadão comum, que diversas vezes a apoia.

Muitos soldados da segurança pública sucumbiram no confronto durante todos estes anos. Muito mais traficantes também caíram mortos nesta guerra. Mas a maioria de baixas, como de costume numa guerra, foi a de cidadãos comuns, que, usuários ou não, estando na linha de tiro, acabaram mortos, servidos como escudos nas esquinas de batalha.

A tendência do governo atual é a de acirrar os confrontos, e isto só faz com que as facções de traficantes se escondam e disfarcem com maior perfeição suas atividades. Eles continuarão vendendo seus produtos mesmo estando muito escondidos. Houve momentos em que outros governantes amenizaram o confronto, e o comércio de drogas saiu dos esconderijos e se tornou ativo sob a luz do sol. Reprimindo ou não, este nicho econômico parece não poder ser totalmente dizimado, e como uma planta daninha voltará a expandir seus galhos sempre que vislumbrar a possibilidade.

O termo segurança pública nos dá a entender que existe para causar a sensação de estarmos seguros por onde quer que andemos. Mas a guerra às drogas vai contra esta sensação pelo fato da segurança pública aparentar semelhança de forças com o das facções do tráfico, tornando totalmente insegura qualquer região onde haja o confronto. A segurança pública, que deveria existir para impor a paz a qualquer conflito, não consegue se impor neste caso, nem pela força, nem pela diplomacia.

E a sociedade? É assombroso ver a quantidade de drogas apreendidas anualmente. Será que tudo aquilo seria consumido, ou é só para fazer marketing? Porque se imaginarmos que a apreensão representa apenas uma pequena parte do que é produzido e comercializado, chegaremos a conclusão que o mundo inteiro está se drogando. Será que a sociedade quer mesmo que haja um vencedor nesta guerra?

Autor: Arnold Gonçalves


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