Democracia é um regime político onde uma parcela dos cidadãos do país participam, através do voto, da eleição dos representantes que passarão a ter poder de governar por um determinado período. A forma de eleição, e também de governo, muda conforme o país, e muitas vezes são desenvolvidas por estes mesmos representantes colocados no poder pelos eleitores.

Para um cidadão menos esclarecido; o voto, eleição, governo... pouco tem haver com seu viver diário. Sobretudo nos países mais pobres, a sensação de que nada muda na base da sociedade é flagrante. Entra político, saí político e a situação de penúria permanece a mesma. Por isto temos a característica de que em país pobre o voto é quase sempre obrigatório.

É comprovadamente histórico que os grupos governantes se perpetuam no poder indefinidamente, se possível for. Acordos como o do “café com leite”, onde os grupos paulistas e mineiros alternavam-se no poder brasileiro são comuns em toda parte. Por conta disto, mesmo sem compreender adequadamente a situação política, as grandes camadas da base social tendem a aproximar-se do que soa minimamente novo.

Neste contexto surgem figuras carismáticas, quase sempre pouco simpáticas as divergências de opinião e propensas a impor suas ideias a qualquer custo. São políticos extremamente ambiciosos, que tentaram, sem sucesso, se inserir nos grupos dominantes, mas foram postos de lado por representarem riscos ou causarem repulsa. O povo, por sua ótica, enxerga neles a possibilidade de mudança, de ainda viverem dias melhores.

Estes políticos autoritários quase sempre chegam ao poder pela sua inimiga, a democracia. E a primeira coisa que tentarão fazer será destruí-la, inicialmente com o apoio massivo da população. Seus inimigos políticos serão perseguidos, assim como qualquer referência a multiplicidade de ideias. Uma verdadeira inquisição onde muitos serão linchados em praça pública e outros banidos do país para sempre.

Em não muito tempo a própria base da sociedade, eufórica com a novidade, passará a perceber que para eles nada mudou, ou até piorou. Mas não há mais a possibilidade da democracia, eleição, voto... E este governo tende a ficar para sempre, e só com movimentos organizados, cautelosos e silenciosos poderá ser retirado. Não. Não é democrático abrir mão da democracia quando não se se sabe o que está fazendo.

Autor: Arnold Gonçalves

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