Vivemos em um país onde o preconceito racial é natural e institucionalizado. Não há um enfrentamento entre as raças como ocorre na África do Sul ou nos Estados Unidos. Esta aparente paz racial dá a falsa impressão de comunhão entre as raças dentro do mais íntimo de nosso Brasil. No entanto, veladamente, as portas são fechadas constantemente aos que nasceram com a pela mais escura.

As cotas e afins são mecanismos que buscam equiparar esta ausência de oportunidade igualitária. Contudo, apesar de justas no sentido de conduzir à ativa e qualitativa participação social de uma parcela considerável da população que nunca teve essa chance, os brasileiros que por desventura nasceram brancos e pobres tendem a se sentir alijados das novas oportunidades sociais, o que acaba por realimentar o preconceito racial.

Outra questão muito recorrente é a de falas onde o preconceito vem a tona quase que inconscientemente. Expressões como: “Ela é preta, mas tem alma branca”; “Tão bonita, mas com o cabelo tão ruim”; “Eu não me incomodo em ter um chefe de cor”... E por aí vai em incontáveis situações onde o racismo vem a tona de forma natural, muitas vezes sem que nenhum dos interlocutores percebam conscientemente a sua presença.

É um tema tabu, onde facilmente caímos em armadilhas ofensivas ao nosso semelhante, mas não por isso devemos fugir a estas discussões. Somente com a prática poderemos realmente suplantar o racismo que impregna a todos como um veneno letal que não quer abandonar o organismo. Rancores, sentimentos de vingança, ódio, retaliação... Não levarão a lugar algum que não seja a perpetuação do racismo.

Está aí a importância de persistir em discutir sobre o racismo. Quanto mais aprofundarmos sobre o assunto, maior será nosso entendimento sobre ele. Vivemos atualmente na era da informação e é fácil obter dados históricos sobre todo o processo de evolução social ocorrido no Brasil. Não há dúvidas de que muitas coisas danosas foram, e são, feitas por aqui. Cabe a cada um de nós, em nossa curta existência, subir um degrau que seja na escala evolutiva social e individual.

Autor: Arnold Gonçalves

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