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A reintegração social do ex detento no Brasil

Até existem algumas leis que visam facilitar a reintegração do cidadão marginalizado à sociedade corrente, mas pouco acontece para que este fluxo de readaptação ocorra de forma satisfatória. A marca de ex detento é como uma tatuagem que marca algo muito mais profundo do que a pele, é como se fosse feita na alma do individuo ao ser entregue ao carcere. Muito pouco é feito para melhorar seu comportamento social durante o período de clausura, pelo contrário, tudo parece favorecer para o seu aprofundamento no submundo social da criminalidade. Não é por acaso que a prisão é considerada a universidade do crime. O comum é que o individuo saia de lá com o diploma de bandido e não com o cidadão, apto a voltar a conviver em sociedade, e que deveria ser o trabalho glorioso dos presídios.

O grande problema é que a maioria destes indivíduos não deveriam chegar ao ponto de serem levados até a prisão. O governo, representante maior da sociedade, tem como obrigação disponibilizar boas condições de moradia, estudo e trabalho para todos os habitantes do país, o que sabemos não acontecer desde sempre em nossa já não tão curta existência em formato de Brasil. Está claro que nem todos optam pela vida de criminoso por falta de condições apropriadas para uma vida minimamente digna, mas teríamos uma redução drástica nos números de presidiários. Estamos entre os quatro países com a maior quantidade de indivíduos cumprindo penas de reclusão, e a massacrante maioria em idade apropriada para a maior performance física e intelectual de suas vidas, entre os vinte e trinta anos de existência. Isto pode ser caracterizado como um prejuízo incalculável para o país.

Não adianta criar mais condições ainda para a reinclusão social de um detento, pois já é notório que eles encontram possibilidades que a grande maioria dos indivíduos que vivem em “liberdade” não encontram. É fato que o auxilio reclusão supera em valor os dos demais benefícios fornecidos pelo governo; é fato também que recebe, pronto e preferencial atendimento num posto de saúde, pronto socorro, ou hospital. Estas situações geram a revolta das pessoas mais humildes da sociedade, pois a elas não há quaisquer regalias, são tratados com absoluto desprezo, e se sentem relegadas a segundo plano até quando são comparadas a um detento. De forma geral, também são estas pessoas humildes, que vivem em “liberdade”, as maiores e mais constantes vítimas destes indivíduos postados em posição de presidiários. A grande maioria dos crimes ocorrem em bairros cuja base da população possui menor poder aquisitivo do que a média geral. E basicamente, serão eles que receberão de volta o prisioneiro, com a nova denominação de ex detento. Então, porque não começar a valorizar o individuo “livre”, para que não se torne preso...

Autor: Arnold Gonçalves


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