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Resgate histórico do ensino superior no Brasil.

Mesmo para os padrões das colônias americanas, o Brasil está entre as mais tardias a ter em seu território, a introdução do ensino superior. Este fato ocorreu por ser estratégia portuguesa a de não criar mecanismos de autonomia para sua colônia, mantendo-a sempre dependente e sem capacidade de organização própria. Esta estratégia se estendia até mesmo ao ensino básico, e movimentos educacionais como o implantado pelos jesuítas foram exterminados violentamente.

Este quadro só começou a ser mudado quando da transferência da corte de Portugal para o Brasil em meados de 1808. E, provavelmente, deveria ser um plano de ação temporária, até a volta da corte para Portugal, quando as escolas seriam extintas ou abandonadas. Ocorre que neste meio tempo, por questões políticas diversas, o Brasil acabou tornando-se independente e a muito custo, em 1930 surgiu a primeira universidade no país. Note que somente 100 anos anos depois da independência é criada uma universidade num país que não tinha nenhuma.

Não é que até o surgimento de uma universidade não existisse ensino superior no país, neste período houve a criação do modelo que perdura até os dias atuais, ou seja, a convivência entre escolas de ensino superior chamadas faculdade, cuja origem poderia ser pública, sendo elas estaduais ou federais; ou privada, sendo elas originadas por grupos religiosos ou comerciais.

O modelo de criação das universidades foi concebido sob o governo de Getúlio Vargas e, naturalmente, teve em sua estruturação um forte esquema de controle governamental. Seguindo a linha “pai” dos pobres e “mãe” dos ricos, Vargas não interferiu no modelo das escolas superiores já existentes, mantendo este sistema em vigor, e até mesmo dando condições para a sua ampliação.

Durante as décadas de 1950 e 1960, os estudantes movimentaram-se em busca de reformas no sistema educacional superior, mas não conseguiram exito, e a partir de 1964 sofreram ainda mais com o inicio do período de ditadura militar. Quando não só suas revindicações não foram atendidas, como suas vidas passaram a serem retiradas ou duramente violentadas pela tortura.

Até a década de 1980, quem não fugiu do país ou escondeu seu pensamento, acabou morto ou louco após seções de tortura. Ao final deste período, o que vimos foi um vazio intelectual no meio educacional, e uma geração de estudantes formados tecnicamente, mas sem a alternativa da indagação e do pensamento autônomo. Ainda hoje sofremos com os resultados deste período que ceifou milhares de mentes brilhantes.

Após o final do regime militar, temos constatado o crescimento e predomínio cada vez maior das instituições privadas. As escolas públicas estão ficando cada vez mais obsoletas e inseguras, e já não é mais alvo de desejo absoluto entre os estudantes secundaristas. Diversos planos governamentais favorecem o ingresso em escolas particulares, até mesmo para quem não pode arcar com nenhum custo estudantil. O governo parece estar querendo transferir o dever da educação para as mãos alheias.

Autor: Arnold Gonçalves


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