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O dia dos pais vem chegando. Pouco importa se ele está completando oitenta ou vinte anos. O valor está na paternidade, não naquela do botar no mundo, mas na qual ele está próximo, tirando as pedras do caminho de seu filho. Favorecendo o trilhar para a formação de um futuro bom ser humano. Pode ser que ele tenha sido um lavrador no mundo rural, mas certamente foi operário no mundo urbano. Pode ser que tenha começado a carpir com dez anos, mas aos oitenta ainda quer ajudar com suas mãos tremulas. Pode ter plantado milho, arroz, feijão... Mas a monocultura chegou e quase mais nada se planta neste chão. Pode ter sido lenhador, na época que ainda haviam árvores onde hoje estão os infinitos pastos. Quase sempre, analfabeto, o povo do passado era assim, mas não se preocupe, o do presente ganhou o sobrenome “funcional”. O verdadeiro pai quase sempre foi aquele que se manteve fiel a sua velha esposa, só deixou a terra natal por necessidade extrema. E neste caso, sempre sonhou voltar a terra onde a semente se aloja, nasce, cresce e se colhe. Onde não se perde ao vento soltando-se da caçamba de um caminhão que leva ao desconhecido. Como todo velho pai, segue o alfabeto da religiosidade, única fonte de cultura, que o mantém verdadeiramente na civilidade. Fora a crença, estaria largado no mundo, sem apoio, sem objetividade. Não seria homem, tampouco pai, referência para a família. Hoje meu pai é bem velhinho, mora longe, se esconde das pessoas do mundo, mas não tem medo delas, é que sofre ao ver quantas besteiras elas fazem. Não se sente sozinho, forma uma grande e nova família, junto aos irmãos da igreja. Hoje, seu filho é um padre. Esse orgulho ele mantém sem vaidade. Faz parte das muitas histórias, estórias, de sua viagem, sua passagem, Parabéns por mais um aniversário. Felicidades meu pai.
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