Devolva-me
Autores: Renato Barros & Lilian Knapp
Gravação original em 1966 por Leno e Lilian
Rasgue as minhas cartas
E não me procure mais
Assim será melhor, meu bem!
O retrato que eu te dei
Se ainda tens, não sei
Mas se tiver, devolva-me!
Deixe-me sozinho
Porque assim
Eu viverei em paz
Quero que sejas bem feliz
Junto do seu novo rapaz
Rasgue as minhas cartas
E não me procure mais
Assim vai ser melhor, meu bem!
O retrato que eu te dei
Se ainda tens, não sei
Mas se tiver, devolva-me!
O retrato que eu te dei
Se ainda tens, não sei!
Mas se tiver
Devolva-me!
Devolva-me!
Devolva-me!
Quem é o interlocutor do eu lírico?
Nunca se esqueça que uma obra de arte literária pode ter diversas interpretações, e a que apresento é a que me veio de imediato ao ler o texto. O interlocutor é descrito como sendo o parceiro de relacionamento afetivo do eu lírico. Estão em crise neste relacionamento e num momento de separação emocional e material. Não há como afirmar se o interlocutor é homem ou mulher, mas tudo indica que seja mulher pelo fato do texto ter sido escrito na década de sessenta por duas pessoas de sexo oposto. A presença do retrato, das cartas, e do outro rapaz; também reforçam esta ideia.
Qual parece ser o sentimento do eu lírico em relação a seu interlocutor?
Um sentimento de amargor denota a hipótese de que o eu lírico tenha sido traído em seus sentimentos. Apesar disso, ele encontra-se ainda muito ligado a este relacionamento. Daí a enfase em querer que as mínimas ligações sejam rompidas. Ele anseia por estabelecer distância do interlocutor com a finalidade de se recompor emocionalmente. Porém, mesmo assim lhe parece difícil recuperar a estabilidade, por isso o título do texto, Devolva-me. O eu lírico não quer a devolução das coisas materiais, mas na verdade, quer a devolução de si próprio, que está nas mãos do interlocutor.
Quais trechos revelam esse sentimento?
Estes sentimentos do eu lírico são revelados em todas as frases expostas durante o decorrer do texto. O fato de não querer mas ser procurado, a dúvida quanto a manutenção do retrato pelo interlocutor, a necessidade de ficar sozinho para buscar a paz, a enfase em pedir uma devolução de forma genérica, etc.
A colocação pronominal contribiu para tornar a linguagem desses versos mais formal ou mais informal? Justifique sua resposta explicando a colocação dos pronomes.
Embora o eu lírico queira dar um tom formal ao seu discurso, o uso constante de pronomes pessoais demonstram claramente a informalidade de tratamento aplicada em relação ao seu interlocutor. Este uso constante de pronomes pessoais, particularmente em relação ao próprio eu lírico, reforça a necessidade que ele sente em reaver a sua própria individualidade perdida durante este relacionamento em declínio.
Pronome Pessoal
Reto: Eu, tu, ele, ela, nós, vós, eles, elas.
Oblíquos tônicos: mim, comigo, ti, contigo, si, consigo, conosco, convosco.
Oblíquos átonos: me, te, se, o, a, lhe, nos, vos, os, as, lhes.
Pronome Possessivo: Meu, minha, meus, minhas, teu, tua, teus, tuas, nosso, nossa, nossos, nossas, vosso, vossa, vossos, vossas, seu, sua, seus, suas.
Pronome Demonstrativo: este(s), esta(s), isto, esse(s), essa(s), isso, aquele(a), aqueles(as), aquilo.
Pronome Relativo: Que, quem, cujo, onde, quanto, quando.
Pronome indefinido: Alguém, ninguém, outrem, qual, algo, tudo, nada, todo, algum, nenhum, certo, outro, muito, pouco, qualquer, cada.
Pronome Interrogativo: Que, quem, qual, quanto. Empregado em perguntas.
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