Vale observar que Perry Anderson, ao ser convidado a fazer a apresentação do livro de Jameson, terminou escrevendo o seu próprio “As origens da pós-modernidade”, constituindo assim uma espécie de ‘introdução’ ao conceito. Nele diz que o modernismo era tomado por imagens de máquinas [as indústrias] enquanto que o pós-modernismo é usualmente tomado por “máquinas de imagens” (p.105) da televisão, do computador, da Internet e do shopping centers. A modernidade era marcada pela excessiva confiança na razão, nas grandes narrativas utópicas de transformação social, e o desejo de aplicação mecânica de teorias abstratas à realidade. Jameson observa que “essas novas máquinas podem se distinguir dos velhos ícones futuristas de duas formas interligadas: todas são fontes de reprodução e não de ‘produção’ e já não são sólidos esculturais no espaço.
O gabinete de um computador dificilmente incorpora ou manifesta suas energias específicas da mesma maneira que a forma de uma asa ou de uma chaminé” (citado por Anderson, p.105).
Gênese histórica da pós-modernidade
A segunda metade do século XX assistiu a um processo sem precedentes de mudanças na história do pensamento e da técnica. Ao lado da aceleração avassaladora nas tecnologias de comunicação, de artes, de materiais e de genética, ocorreram mudanças paradigmáticas no modo de se pensar a sociedade e suas instituições.
De modo geral, as críticas apontam para as raízes da maioria dos conceitos sobre o Homem e seus aspectos, constituídas no século XV e consolidadas no século XVIII. A Modernidade surgida nesse período é criticada em seus pilares fundamentais, como a crença na Verdade, alcançável pela Razão, e na linearidade histórica rumo ao progresso. Para substituir estes dogmas, são propostos novos valores, menos fechados e categorizantes. Estes serviriam de base para o período que se tenta anunciar - no pensamento, na ciência e na tecnologia - de superação da Modernidade. Seria, então, o primeiro período histórico a já nascer batizado: a pós-modernidade.
I. As Origens do Pluralismo Pós-Modernista
A cultura ocidental tem passado por muitas mudanças. Uma cosmovisão depois da outra tem aparecido. A cosmovisão bíblica, isto é, a Ideia de mundo, de criação, de Deus, de homem, etc., através das lentes da Escritura, tem atravessado todos os períodos da civilização ocidental. Contudo, depois da entrada do período moderno essa cosmovisão sofreu sérios embates e, com as lentes do racionalismo, fez com que a cosmovisão bíblica viesse quase a desaparecer em alguns segmentos e regiões. Com o advento dos tempos modernos, a cultura ocidental foi invadida pela cosmovisão romântica e de um cientificismo materialista, do século XIX. No século XX, ela foi invadida pelo marxismo, fascismo, positivismo e existencialismo.3 Contudo, na segunda metade deste século, o espírito do tempo "moderno" veio a cair de moda. Entramos nos tempos pós-modernos.
Esse tempo, segundo alguns, foi iniciado com a falência do comunismo, com a derrocada do muro de Berlim, em 1989, e com o insucesso absoluto da economia do sistema materialista. O modernismo foi substituído pelo pós-modernismo. Houve a queda dos padrões morais anteriormente estabelecidos e começou a questionar-se de maneira muito mais clara a necessidade de haver uma verdade objetiva.
Contudo, o pluralismo não nasceu no período pós-moderno. Ele tem suas raízes já no período moderno. No começo do século XIX Schleiermacher começou a questionar a exclusivismo do cristianismo que dizia ser Jesus Cristo o único caminho para a vida. O problema da diversidade religiosa estava levantado. O cristianismo começou a ser questionado como a única saída para os problemas humanos. Schleiermacher argumentava que Deus "está salvificamente disponível, em algum grau, a todas as religiões, mas o evangelho de Jesus Cristo é o cumprimento e a mais alta manifestação da consciência religiosa universal."4 O cristianismo do liberalismo teológico do século passado começou a sustentar que o Deus imanente do cristianismo não pertencia somente ao cristianismo, mas pertencia a todas as culturas religiosas do mundo. Jesus Cristo era o exemplo máximo desse Deus imanente, mas não era a única forma dele expressar-se.
Mais tarde, já no final do século XIX, o cristianismo liberal começou a questionar que Jesus Cristo era o cumprimento da religião, ou a expressão máxima do Deus imanente. Ernst Troeltsch "esposou o pluralismo." Mesmo confessando que o cristianismo possui "uma verdade e poder espiritual" e até a "manifestação da vida divina em si mesma," Troeltsch concluiu que esse julgamento tem "validade somente para nós." Outras civilizações também possuem seu próprio acesso salvífico à vida divina, independentemente do cristianismo.5 Por isso, no final do século passado e no começo deste século, começou a haver o diálogo com as outras religiões e, até, uma tentativa de ecumenismo entre as várias religiões do mundo, incluindo as não-cristãs.
Contudo, embora o pluralismo não tenha nascido no período pós-moderno, ele floresceu e desenvolveu-se de maneira impressionante no período pós-moderno, porque este é o período das contestações, do abandono e da rejeição dos padrões e das crenças anteriores. O pluralismo teve as suas portas destravadas no período moderno, e elas foram escancaradas no período pós-moderno. Com essas coisas em mente, fica mais fácil entender porque o pluralismo cresceu assustadoramente, mesmo em alguns círculos chamados "cristãos," como veremos mais adiante. Foi no período pós-moderno, portanto, que a cultura ocidental assimilou bem a Ideia de outras alternativas aceitáveis além do cristianismo.
Fontes:
pt.wikipedia.org
old.thirdmill.org
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