Contexto

“Um texto é uma passagem do discurso que é coerente em dois aspectos: a) em relação ao contexto de situação, portanto consistente em registro; b) em relação a si mesmo e, portanto, coeso. A coesão é interna (linguística) e a coerência, externa, pois diz respeito aos contextos de situação.” (KOCH, Pág 15)

“O contexto situacional se relaciona tanto com o nível semântico e o conhecimento de mundo, como, por exemplo, na identificação de referentes deiticamente indicados, quanto com o nível pragmático, quando, por exemplo, só se pode identificar que ato da fala é executado por um enunciado por saber situacionalmente que temos um patrão falando com o empregado numa fábrica.” (KOCH, Pág 48)

“Charolles (1987) propõe uma classificação das inferências em diferentes tipos: a) substanciais, inalienáveis ou necessárias: que seria aquelas a que não podemos fugir, que são obrigatoriamente feitas (João tem um Scort XR3 ? João tem um carro). b) Convidadas ou possíveis: que podem ou não ser feitas (João tem um carro ? João tem carteira de motorista). c) contextuais: que variam com o contexto. Você sabia que o João parou de fumar? Substancial: João fumava antes. Contextual: Pode haver uma reprovação nessa pergunta, se ela é feita com o propósito de censurar o interlocutor que não quer parar de fumar.” (KOCH, Pág 71)

“O contexto, que pode ser contexto linguistico (ou co-texto) e o contexto de situação (contexto sócio-cultural, circunstancial). A atuação co-texto é questionada por Brown e Yule (1983), que dizem que os elementos do contexto linguístico não dão base ao analista para determinar as inferências que realmente são feitas, porque a ação de inferir fica como um processo que é dependente do contexto específico do texto e localizado no leitor (ou ouvinte) individual.” (KOCH, Pág 72)

“Marcuschi (1938) e Fávero e Koch (1985) chamam de contextualizadores. Esses elementos seriam de dois tipos: a) contextualizadores propriamente ditos, que ajudam a ancorar o texto na situação comunicativa: assinatura, local, data e elementos gráficos. b) perspectivos, que contribuem para fazer avançar expectativas a respeito do texto: título, início do texto, estilo de época, corrente científica, filosófica, religiosa a que pertence.” (KOCH, Pág 75)

“Van Dijk (1981) dá toda uma relação dos elementos que devemos observar na análise contextual e como fazê-lo. Ele liga este contexto à identificação e produção dos atos da fala, ou seja, à coerência pragmática do texto. Para ele, o contexto também seria uma abstração em que só se levam em conta os elementos da situação pertinentes para a produção e compreensão. Em resumo, na análise contextual, que ocorre durante a compreensão pragmática, o usuário da língua levaria em conta as seguintes informações sobre o contexto social em questão: seu título específico, o “frame” do contexto relevante no momento, as propriedades/relações das posições sociais, funções e indivíduos que as preenchem, bem como as convenções (regras, leis, princípios, normas, valores) que determinam as ações socialmente possíveis dos membros envolvidos. Para Van Dijk, esses contextos são dinâmicos e, por isso, sua análise é um processo permanente no qual as pessoas constroem os traços relevantes do contexto.” (KOCH, Pág 77)

“O contexto em que se produz o texto pode também focalizar e especificar, por exemplo, o sentido de homônimos em que para cada situação indicada a descrição definida “a chave” terá um significado diferente: “Dê-me a chave.” a) um mecânico para outro na oficina enquanto conserta um carro (ferramenta); b) a mulher para o marido na porta de casa (instrumento que aciona a fechadura); c) uma pessoa para outra na situação de resolução de um enigma (aquilo que permite solucionar o problema). (KOCH, Pág 86)

Fonte: KOCH, Ingedore Glunfeld Villaça; TRAVAGLIA, Luiz Carlos. Texto e coerência. (Compre e leia o livro. Vale a pena)

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