Saudades da minha infância

Autor: Rafael Santos - Salobro, 17 de outubro de 2017

Contato: rsantoscebi@hotmail.com

Segunda feira de carnaval, fui visitar meu lugar,
Fui lá onde eu nasci, por onze anos foi meu lar,
E lá quando eu cheguei, comecei a me emocionar.
Fui visitar meus parentes, e comecei a me recordar,
Do tempo da minha infância, e comecei a me lembrar,
De cada momento que vivi, ali naquele lugar.
Eu subi num murundú, e comecei a pensar,
Em cada situação, que vivi nesse lugar,
E comecei a me conter, pra não começar a chorar.
Lembrei do meu avô Júlio, que falta ele me faz,
Ele era um homem pequeno, mas como me trazia paz,
Me trazia tranqüilidade, como ninguém mas me traz.
Lembrei da Dindinha Agrice, o quanto me protegia,
Quando eu aprontava uma, pra casa dela eu corria,
Da surra da minha mãe, só ela me protegia.
E daquela primaiada, como eu me divertia,
Agente brincava de tudo, e muita coisa comia,
As noites eram tão boas, enquanto agente não dormia.
Brincava de esconde, esconde, de guerrô e cantoria,
Mas as cantigas de roda, é as que as mocinhas preferia,
Era ali que as paqueras, a cada dia surgia.
E ainda tinha os outros avòs, padrinho Miúdo e madrinha Nenzinha,
Essa era a parte materna, da minha querida mãezinha,
Como lembro dos mutirões, que eles sempre fazia.
Também lembro dos tios e das tias, com muita alegria,
Que tocava e cantava, as lindas melodias,
E tinha também um jogador, que gols lindos ele fazia.
Tinha vaqueiro arretado, que as boiadas conduzia,
Tinha tias cozinheiras, que as comidas fazia,
E tinha os tios galãs, que as minhas vontades ele fazia.
Mas também eu me lembrei, dos medos que eu passava,
Daqueles bois valentões, que ali perto pastava,
Dos fantasmas e lobisomem, que por ali passeava.
Dos vários cachorros doidos, que de vês em quando corria,
Mordendo os outros cachorros, e quem não se protegia,
Quando a noticia saia, eu sempre me escondia.
Mas lembrei da minha casinha, de palhas e de enchimento,
Com aquele chão batido, que molhava freqüentemente,
Fecho meus olhos e vejo minha mãe, varrendo bem lá na frente.
Os meus irmãozinhos na rede e minha mãe pra eles cantando,
Porque nós nem rádio tinha, por isso eu ficava escutando,
E ao som da sua voz, eles iam se acalmando.
Mas me lembro do meu velho pai, que só vivia trabalhando,
Que passava o dia no mundo, só a noite eu via chegando,
Cansado e fatigado, ele ia logo deitando.
Me lembro de umas fazendas, onde tinha muito gado,
Donde todos os peões, tinha que trabalhar um bocado,
Mas quando aparecia uma boiada, me esconder era obrigado.
Ainda me lembro daqueles pães, que painho trazia da feira,
Que agente comia de noite, sentado lá na esteira,
E a cachorra de estimação, sentada ali na beira.
E eu não podia esquecer, do jegue que meu pai tinha,
Que eu montava escondido, de manhã e de tardizinha,
E levava muitas quedas e de minha mãe eu a escondia.
Lembro dos passarinhos, que cantava a tardizinha,
E sentava no terreiro, todo tipo de pombinha,
Periquitos e papagaios, formando uma sinfonia.
Mas um dia bem anoitinha, o meu tio aparecia,
Pra levar agente embora, ainda naquele dia,
Pra morar lá em Salobro, onde seu Deni viva.
Viajamos a noite toda, ate clareou o dia,
Deixando essas histórias, e outras que conto outro dia,
Da nossa terra, da nossa gente, do mundo que nós vivia.


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