Auto ajuda?

Pelo visto, citar o Paulo Coelho em um texto é o mesmo que invocar a lei de Goldwin em um certo sentido: a discussão acaba imediatamente; ou vocês estão de sacanagem comigo. Das duas, uma.
Quando eu disse que leio Paulo Coelho, eu disse que o leio porque acho que ele escreve o suficientemente bem para me entreter. Ou pelo menos escrevia. O único recente dele que eu li foi o Onze Minutos e não vi nada de interessante em termos de ficção. Os primeiros dele, especialmente o Alquimista e Brida são boas estórias se você não tentar usar aquilo como lição para sua vida.
Eu não considero Paulo Coelho como escritor de auto-ajuda. Aliás, do meu ponto de vista, jamais li um livro de auto-ajuda em toda minha vida. Se o Paulo Coelho acha que seus livros são revelações místicas que podem levar seus leitores a um plano superior, eu não poderia me importar menos. Eu leio Robert A. Heinlein e gosto muito. E os livros deles estavam cheio de doutrinas militaristas extremamente desagradáveis. Nem por isso ele deixava de contar uma boa estória.
O ponto inteiro do meu texto foi o seguinte: existem livros que lemos só para descansar a mente, para parar no meio do um dia agitado, talvez, e deixar o técnico de lado, ler uma boa estória sem se preocupar com considerações filosóficas profundas. Eu acho que o Paulo Coelho escreve bem o suficiente para isso. Se você concorda ou não, não tem problema.
E se você não consegue engolir um autor brasileiro, guru auto-proclamado, que tal o L. Ron Hubbard? Tudo bem que ele fundou a Cientologia, mas Battlefield: Earth é uma estória muito gostosinha de se ler.
O inglês possui a palavra yarn, que traduzida livremente significa conto. Mas a palavra é usada muito para aqueles estórias cujo único propósito é divertir. Para mim, os livros do Paulo Coelho são isso: bons yarns. Como os livros do Hubbard e de muitos outros escritores. E nem por isso deixam de ter sua utilidade. Ainda está para chegar o dia que eu só vou ler literatura considerada “séria”. Quando esse dia chegar, me dêem um tiro na cabeça.
Fonte: logbr.reflectivesurface.com