Quanto ao estilo

Destaca-se em Graciliano Ramos a capacidade de síntese, ou seja, a habilidade de dizer o essencial em poucas palavras. Graciliano reescrevia seus livros varias vezes com o intuito de retirar deles tudo o que era desnecessário. Desse cuidado resulta o seu estilo “enxuto”, que é considerado um exemplo de elegância e de elaboração.
Em suas obras o substantivo é muito privilegiado, o que não ocorre da mesma forma com o adjetivo. Apesar de Graciliano centrar o tema de suas obras na região nordestina, a análise que o autor faz da condição humana faz com que sua obra universalize-se.
Graças a esse estilo, Graciliano Ramos é considerado pela critica literária como um dos maiores romancistas brasileiro, ficando atrás apenas de Machado de Assis. A sua obra, considerada a melhor ficção produzida na segunda fase do Modernismo brasileiro, é presença garantida em quase todos os exames vestibulares do Brasil.
Entre todas obras de um grande autor, geralmente há um ponto de contato que as transformam em uma unidade maior, que é um reflexo da compreensão da vida da arte que cada autor possuí. No caso de Graciliano Ramos esse ponto intersecção é a luta pela sobrevivência.
Os temas mais comuns na obra de Graciliano Ramos são os grandes latifundiários; a opressão sofrida pelo sertanejo e a seca e suas conseqüências dramáticas. Segundo o critico Antônio Candido, pode-se dividir a toda a obra de Graciliano Ramos em três grandes grupos:
Romances narrados em primeira pessoa: » Caetés; » São Bernardo; » Angústia.
Nessas obras temos um verdadeiro mergulho na alma humana e uma análise do contexto social e política em que vive cada personagem.
Romances narrados em terceira pessoa: » Vidas Secas
Nessa narrativa o enfoque se dá sobre a realidade social das personagens. Se nos romances narrados em primeira pessoa o ponto de interesse é o homem, ficando o contexto social segundo plano, em "Vidas secas" o ponto de interesse é o homem vinculado ao seu meio natural, no caso o sertão.
Autobiografias: » Infância; » Memórias do cárcere.
Essas obras transcendem o individual, passando pelo plano social e político e atingindo o plano universal. Por isso, pode-se dizer que "Memórias do cárcere" não é simplesmente um livro de memórias que relata o período em que Graciliano Ramos ficou preso. Essa obra vai além disso, pois retrata o Brasil no período da ditadura Vargas e as humilhações e sofrimentos de vários presos políticos.
Ainda com relação ao estilo, Graciliano Ramos é assim definido na Enciclopédia Barsa:
"Alguns personagens de Graciliano Ramos -- como Paulo Honório, de São Bernardo, e Fabiano, Sinhá Vitória e a cachorra Baleia, de Vidas secas -- estão entre os mais significativos da literatura brasileira do século XX. A prosa em linguagem simples e coloquial, de estilo marcante e seco, fez do escritor um dos consolidadores da língua portuguesa usada no Brasil."