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... Extraviei-me pela cidade na tarde de sábado, e então me deixei bobear um pouco pela Cinelândia. Foi certamente uma lembrança antiga que me fez sentar na Brasileira; e quando o garçom veio e perguntou o que eu deseja, foi um rapaz de 15 anos que disse dentro de mim: “waffles com mel”. E disse meio assustado, com quem se resolve a fazer uma loucura. (…) Mais tarde, já na faculdade, e morando no Catete, me lembro que sábado, de tarde as vezes a gente metia uma roupa branca bem limpa, bem passada (depois de vários telefonemas à tinturaria) e vínhamos, dois ou três amigos, lavados, barbeados, penteados, assim pelas cinco da tarde, fazer o footing na Cinelândia. E estavam ali moças de Copacabana e do Méier, com seus vestidos de seda estampados, a boca muito pintada, burburinhando entre as confeitarias e os cinemas. Não nos davam lá muita atenção, essas moças: seus pequenos corações fremiam perante os cadetes e os guardas-marinhas, mas guapos e belos em seus uniformes resplendentes com seus espadins brilhantes. Tudo isso passou: o sábado inglês, as dificuldades de trânsito e o próprio tempo agiram, e nesta bela tarde de sábado em que me extravio pelo Centro, há apenas alguns palermas como eu zanzando pela Cinelândia. Só agora reparo nisso, e então me sinto um velho senhor saudosista; não há mais sábado na Cinelândia, creio que não há mais cadetes nem guardas-marinhas, todos são tenentes-coronéis, capitãoes-decorveta e de fragata, perdidos em Agulhas Negras, quartéis, cruzadores recondicionados nesses mares do mundo. (…) Tenho a impressão de ter sobrado, terrível na Cinelândia, diante dos waffles melancólicos, e se tivesse um amigo ao lado diria a ela, com a voz enjoada de um senhor idoso: “nem se compara: A Americana antiga era muito melhor... Texto extraído do livro: A borboleta amarela (Compre e leia o livro, vale a pena) |