... Resultados e discussão: A poesia crítica e reflexiva de Mario Quintana se materializa nos metapoemas. Compreender os metapoemas de Quintana como uma teoria da poesia pode nos levar a uma descoberta importante: como o poeta constrói sua poética ao longo de sua obra, ou ainda, como essa poética se desenvolve tendo como ponto de partida o comportamento metalinguístico do poeta. É a consciência de linguagem a qual perpassa a obra de Mario Quintana que interessa a este trabalho. De acordo com Chalhub (CHALHUB, Samira. A metalinguagem. São Paulo: Ática, 1986, p56), “o poema metalinguístico deixa-se atravessar por diferentes linguagens”, pois o poeta pode dialogar com outros textos de sua própria produção, de forma implícita; pode também dialogar de forma explícita com sua memória textual, ou ainda nomear a presença de outros poetas e de outras linguagens na construção de seu texto. Essas possibilidades são comprovadas nas análises de textos do poeta Mario Quintana.
Considerações finais: A natureza da metalinguagem faz com que o poeta se manifeste ao leitor como um crítico da própria obra, já que ela é uma descrição de si mesma. O poeta-emissor, ao atuar conscientemente em relação à sua ferramenta de trabalho, o faz no lugar do leitor, ou seja, quando Quintana traz o passado poético que o antecedeu incorporado à sua criação, mostra-se no lugar do leitor desse passado. Se, para Chalhub (CHALHUB, Samira. A metalinguagem. São Paulo: Ática, 1986), a metalinguagem é uma atitude moderna, essa mesma modernidade permitiu aos autores uma ruptura com a tradição e possibilitou abordagens inovadoras como a própria dessacralização do objeto literário. A reflexão metalinguística aprofunda-se na linguagem, no seu uso e em suas artimanhas linguísticas, trazendo para a lírica de Quintana inúmeros aspectos modernos, como se pode perceber no texto “Ars Longa”, em que discute, de modo breve, a finalização de um poema: “Um poema só termina por acidente de publicação ou de morte do autor” (QUINTANA, Mario. Mario Quintana: poesia completa: em um volume. Org. Tania Franco Carvalhal. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2005, p.251). A poesia moderna, conforme defende Quintana, acabou com os temas poéticos libertando de vez o artista para falar de qualquer assunto que fosse representado conforme sua emoção.
Extraído do trabalho: Metalinguagem, intertextualidade e consciência poética na obra de Mario Quintana.
Autoria de Rosilene Frederico Rocha Bombini - Universidade Sagrado Coração, Bauru/São Paulo
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