(Com a participação efetiva das criaturas fantásticas do blog Letras de Morango, da Madalena Barranco)
JOÃO DA CRUZ E SOUZA, 1861 - 1898, natural de Desterro, atual Florianópolis, SC, filho de pai escravo e mãe alforriada. Em março de 2008 completar-se-ão 110 anos de sua morte. Após o curso secundário passou a viver do magistério, mas logo em 1881 uniu-se a uma companhia de teatro e correu as terras brasileiras. De volta a Florianópolis fundou com Virgílio Várzea um jornal republicano e abolicionista, que publicou até 1889. Aí, deixou-se levar pelo Naturalismo, o que não duraria muito, porque em 1890, quando foi ao Rio de Janeiro, deixou o decadente Naturalismo para ser o marco de um dos primeiros poetas Simbolistas brasileiros. Publicou "Broquéis" e Missal" em 1893; em 1896 falece o pai e enlouquece a esposa... No ano seguinte, ele morre de tuberculose - período em que foram publicados seus poemas em prosa "Evocações".
O SIMBOLISMO DE CRUZ...
O símbolo do sentimento alcança o estado anterior à fala.
Há o nada à sua espera, enquanto o branco é a prova
do amálgama de todas as cores.
A estrela ganha brilho profundo
sob a pena do poeta, de Cruz e de Souza.
Lousa simbólica sobre letras vivas.
(Madalena Barranco)
Magalena: é impossível falar de CRUZ E SOUZA sem mencionar o Simbolismo, movimento cultural que precedeu o Realismo e todo seu Parnasianismo, e antecedeu o Modernismo, trazendo o subjetivismo Romântico a seu tempo, de forma profunda. No Brasil, o movimento Simbolista foi curto. Seu marco zero foi a publicação de "Broquéis" de Cruz e Souza, em 1893 e durou até 1922, onde declinou com o surgimento do Modernismo, na famosa "Semana de Arte Moderna". É importante "ponte" entre os dois movimentos mencionados, pois a sublimação da poesia ao que determinados símbolos lhe inspiravam, o Simbolismo fez com que as rígidas regras de métrica perdessem força e que as fórmulas científicas e comprovadas das letras se rendessem ao êxtase que não se explica, mas que é sentido numa poesia.
Platinho (o filosofinho do blog Letras de Morango): um dos melhores exemplos sobre a amenização da métrica na poesia, encontra-se nesses versos retirados de "Broquéis" e "Faróis", onde Cruz e Souza construiu decassílabos heróicos (versos com dez sílabas poéticas, com tonicidade nas quartas, oitavas e décimas sílabas), apenas com a sílaba poética recaindo na quarta posição, a seguir:
"deram-te as asas e a serenidade" (4ª sílaba poética)
("Em sonhos")
"estranhamente se purificasse"
("Lubricidade")
"Ó formas vagas, nebulosidades!"
("Carnel e místico")
"Lânguida Noite de melancolia"
("Cabelos")
(Cruz e Souza)
Fonte: www.gargantadaserpente.com
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