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Há cem anos, no dia 22 de outubro de 1908, morria o jornalista, cronista e dramaturgo maranhense Artur Azevedo Admirado pelo público, mas criticado por escritores da época, morreu aos 53 anos deixando um legado de mais de 200 peças, entre originais, traduções e adaptações. Artur Nabantino Gonçalves de Azevedo nasceu em São Luís no dia 7 de julho de 1855. Filho do vice-cônsul português na capital maranhense, David Gonçalves de Azevedo, e de Emília Amália Pinto de Magalhães, demonstrou desde cedo a vocação para o teatro e, aos 15 anos, escreveu seu primeiro sucesso: a peça "Amor por Anexins". Foi para o Rio de Janeiro em 1873, onde trabalhou no Ministério da Agricultura e deu aulas de português no Colégio Pinheiro, mas foi no jornalismo que se projetou como um dos maiores escritores e teatrólogos brasileiros. Fundou publicações como "A Gazetinha", "Vida Moderna" e "O Álbum". Também colaborou em "A Estação", ao lado de Machado de Assis, e no jornal "Novidades", onde foi colega de Olavo Bilac. Escreveu mais de quatro mil artigos sobre eventos artísticos, especialmente sobre teatro, nas seções que manteve em jornais como "Diário de Notícias" e "A Notícia". Também dirigiu a "Revista do Teatro" e, por três décadas, sustentou a campanha para a construção do Teatro Municipal, mas morreu antes da inauguração do espaço. No conto, e principalmente no teatro, Artur Azevedo explorou o cotidiano da vida na cidade do Rio de Janeiro. Temas como as relações amorosas, familiares ou de amizade, as cerimônias festivas ou fúnebres norteavam seus trabalhos, que traziam os hábitos da sociedade repletos de humor e ironia. Teve em vida diversas de suas peças encenadas e, ainda hoje, sua obra é adaptada. Textos como "A Capital Federal" e "O Mambembe" são exemplos de montagens recentes. "A importância da obra de Artur Azevedo é imensa, tanto para sua época como para os dias de hoje. Ele foi um homem do teatro; além de escrever peças, era engajado na área", diz Larissa de Oliveira Neves, doutora em Teoria Literária pela Unicamp e pesquisadora da obra do autor. Larissa é uma das responsáveis pelo lançamento, no primeiro semestre de 2009, da coletânea que reunirá 680 crônicas de Azevedo publicadas semanalmente no jornal "A Notícia". Com o título provisório de "Artur Azevedo Cronista: Folhetins Teatrais de 'A Notícia'", a compilação reúne em livro e CD-ROM textos escritos entre 1894 e 1908. O livro apresentará um estudo introdutório sobre as crônicas, além de comentários sobre a cena teatral da época e a história do autor. As reproduções das crônicas estarão no CD, em cópias fiéis dos textos veiculados nos jornais da época. A publicação faz parte do projeto de pós-doutorado de Larissa e conta com o apoio da Petrobras e da Lei de Incentivo à Cultura. Estudiosa do autor desde 2000, quando iniciou seu projeto de mestrado, ela afirma que Artur Azevedo influenciou diversos escritores populares, mesmo sendo criticado por seus contemporâneos por fazer um teatro voltado à população. "O humor das peças de Azevedo era admirado pelo público, que prestigiava seu trabalho. Já seus colegas escritores o criticavam justamente por essa popularidade; eles acreditavam que o teatro deveria ser mais sério e com humor refinado", explica. Larissa diz que o fato de sua obra ser criticada pelos historiadores também contribuiu para a falta de reconhecimento do autor. "Só a partir da década de 1980 é que a análise da obra de Azevedo mudou de direção. Hoje, felizmente, o interesse por seus textos está crescendo", conclui. 22/10/2008 - 09:38:56 - Folha Online Fonte: www.tudoagora.com.br |