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CONTOS DE MINAS GERAIS

A ALMA QUE PEDIU MISSA - Antigamente, onde hoje é a igreja matriz de Santo Antônio, havia uma pequena capela e, ao lado, um cruzeiro grande. Neste local morreram alguns homens que levavam uma boiada. Certo dia, um morador passava próximo ao cruzeiro, quando ouviu então gemidos e lamentos que não paravam e resolveu perguntar: Em nome de Jesus, por que geme e lamenta tanto? - Então um homem sentado aos pés do cruzeiro lhe respondeu: - Peça à minha filha para mandar celebrar uma missa para mim. Há muito tempo não recebo uma. Em seguida dá o nome e o endereço da tal filha ao morador que lhe garantiu que no dia seguinte falaria com ela. O morador encontrou a filha no endereço dado e constatou que aquele homem morrera no local do cruzeiro há muitos anos e também há tempos não era rezada uma missa em sua memória. Contam outros moradores próximos à igreja matriz de Santo Antônio que de vez em quando são ouvidos lamentos e gemidos sem que ninguém saiba de onde vêm.
Aida Mendes - Itajubá MG


[A CRUZ E A GAMELEIRA] LENDA DE DIAMANTINA - Defronte à Igreja do Rosário, na parte baixa da cidade de Diamantina, bem perto do local onde hoje se ergue o belo edifício dos Correios e Telégrafos, frondeja enorme gameleira. Quem dela se aproxima vê, lá no alto, na copa escura, uma cruz de madeira toda enlaçada pelos seus ramos verdes. Nada mais curioso do que ver-se aquela cruz de paus toscos suspensa no alto da gameleira. Sua estória me foi contada pela irmã Maria José, freira do Colégio de Nossa Senhora das Dores. Um dos operários que trabalhavam na construção do cruzeiro, diante da Igreja do Rosário, sentido-se ferido de morte, pediu que chamassem um padre e suplicou-lhe que lhe absolvesse a alma, pois havia levado uma existência de perversidades. O religioso aconselhou a Júlio Fonseca – assim se chamava o operário – que pedisse perdão a Deus da má vida que levara e que se o seu arrependimento fosse sincero, estaria salvo. Já na agonia, Júlio Fonseca falou ao padre que, se sua alma se salvasse, alguma coisa inesperada aconteceria ao cruzeiro. O caso foi comentado e repetido pelas pessoas que ouviram as suas últimas palavras; por isso, não eram raros os curiosos que, encontrando-se no adro da Igreja do Rosário, ali se quedavam a espiar o madeiro tosco fincado diante da Igreja. Decorrido pouco tempo após a morte de Júlio Fonseca, começou a brotar dos braços da cruz uma pequena planta. Provavelmente um passarinho depositara ali minúscula semente; esta nasceu, desenvolveu-se, a planta desceu até o chão e deitou raízes; o tronco cresceu, formaram-se galhos, que foram elevando o cruzeiro. Transformou-se com o passar do tempo naquela frondosa gameleira, onde se encontra, para admiração geral, a humilde cruz de madeira. Diante disso, muitas pessoas de Diamantina acreditam firmemente que Júlio Fonseca alcançou a salvação eterna.
Aida Mendes - Itajubá MG


[CAPELA DO BOM JESUS] LENDA OURO PRETO - Nos primeiros tempos da colonização, atraído pela fama das riquezas auríferas de Minas, um rapaz de Braga, Portugal, resolveu embarcar para o Brasil a fim de enriquecer, como tantos outros. Na hora da partida recebeu de sua mãe, entre lágrimas, uma pequena imagem do Senhor Bom Jesus, para que o protegesse. O filho, ao guardá-la, jurou que assim que pudesse, lhe construiria uma capela, para veneração pública. Chegando às minas de Ouro Preto, o novo faiscador foi feliz, conseguindo garimpar grossas pepitas de ouro, mas esqueceu-se da promessa que fizera, em Braga, de construir a capela para o santo seu protetor. Gastava as riquezas que lhe vinham às mãos com as mulheres de má conduta que enxameavam por ali. Tanta fez que caiu na miséria e acabou doente, arrastando-se pela beirada dos córregos, sem forças para neles mergulhar e faiscar. Certa noite, porém, já desanimado, encontrou-se com um sujeito bem apessoado que o convidou a visitar umas casas suspeitas, onde havia boa pinga e melhores mulheres. Depois de algumas horas nessa alegre companhia, o desconhecido mostrou-lhe os pés de pato, disse quem era e propôs-lhe a compra da alma em troca de vinte anos de saúde, amores e riquezas. O rapaz aceitou o ajuste e este pacto ficou firmado entre ambos: vinte anos depois, à boca da noite, o Demônio voltaria a cobrar a divida que acabava de ser contraída. Efetivamente, o rapaz entrou numa fase de assombrosa prosperidade. Não havia barranca em que ele metesse a bateia que não desse centenas de oitavas de ouro, riquezas que gastava com as mulheres lindas que vinham do Reino. Foram vinte anos de opulência e prazeres que o fizeram esquecer-se do trato feito com o Sujo. Mas este, na véspera do dia marcado para o levar, avisou-o de que se aprontasse para o dia seguinte. O rapaz, caindo tardiamente em si, assustou-se e tratou de ganhar tempo. Respondeu ao Diabo que jurara construir uma capelinha para o Senhor Bom Jesus, promessa que gozava de preferência, não só por quem se tratava, como também por ser anterior ao pacto. Ora, o Tinhoso que estava a par da jurisprudência que considera prescritos os direitos infernais, quando não se executam na data fixada, prontificou-se a construir ele mesmo, aquela noite, a ermida onde se entronizasse a imagem do Bom Jesus. No primeiro terreno baldio que encontrou ali perto, o Capeta construiu, com alucinante rapidez, uma capelinha. Quando ela recebeu os últimos retoques, o português correu à casa e voltou com a imagem do Senhor Bom Jesus apertada ao coração e esconjurando o Diabo! Este, desesperado, ficou furioso e ia derrubar a capelinha quando o rapaz deu um salto para dentro dela e colocou o Bom Jesus no altar, perdendo o Demônio a posse da construção. O antigo renegado arrependeu-se da vida que levara até ali e entrou no caminho da penitência, dormindo na pedra fria que calçava o chão da capelinha, da qual se fez zelador durante os muitos anos que ainda viveu, morrendo em cheiro de santidade.
Aida Mendes - Itajubá MG


LUZ DO PADRE - Em inúmeros depoimentos, é citada uma misteriosa luz que vagueia pelas montanhas e que é vista da cidade. Têm-na como a alma de um padre que procura pelas chaves do sacrático ou de um depósito secreto de ouro. Os mais antigos contam que a mina do Morro Velho, a princípio, pertencera a um padre, conhecido como Freitas, por demais sovina. Carregava pendurado ao pescoço as chaves de um depósito secreto de ouro. Este padre mandou construir a Casa Grande, onde também havia uma despensa para guardar toucinho e queijo. Diariamente, o padre conferia a despensa, e certo dia reparou que o queijo e o toucinho estavam mordidos. Mandou bater na escrava responsável pela despensa. Todos os dias notava que o queijo e o toucinho estavam mordidos e todos os dias mandava bater na escrava que, de tanto apanhar, acabou morrendo. Depois da morte da escrava, vindo mais uma vez conferir a despensa, notou novamente que o queijo e o toucinho estavam mordidos, reparou ainda que por uma fresta do telhado saia um gato. Elucidado o mistério, pegou o gato e o prendeu em um quarto escuro onde descarregou sua ira chicoteando o pequeno animal. O gato, como todo felino, acuado e ferido investiu contra o padre cortando-lhe o pescoço a unhadas. O padre caiu pelo chão agonizante, com a carótida cortada. Contam que no momento em que o gato atacara o padre, cortara também o cordão com as chaves do depósito e que estas desapareceram para sempre. Por esta razão, sua alma perambula nas noites, procurando com uma lanterna as chaves do depósito de ouro. Muitas crianças da cidade afirmam já ter visto a tal luz do padre e contam que seus pais lhes explicam ser a alma do padre procurando as chaves do depósito secreto de ouro ou do sacrário.
Aida Mendes - Itajubá MG


IRMÃO MOREIRA - Filho de uma das mais distintas famílias sanjoanenses, era Francisco Moreira da Rocha um incorrigível estróina, cuja vultosa fortuna dissipava à larga com bebidas, mulheres fáceis, jogatinas e toda sorte de pândegas e libertinagens. Sua fama correra todos os quatro pontos cardiais da cidade. Era o terror dos lares honestos. Não havia quem lhe desconhecesse as aventuras escandalosas, e a vida dissoluta que levava parecia jamais ter fim. Certa vez, porém, errava a horas mortas pelas imediações da igreja do Carmo quando, inesperadamente, saindo de uma esquina, passou rente a ele uma estranha mulher, alta, ondulante, de grandes olhos perturbadores, elegantíssima em rico vestido negro, como um lírio envolto em crepe... Moreira acompanhou-a, fascinado. Falou-lhe. Ela sorriu, sem responder. E, como um sonâmbulo, sem que desse por onde andava, entrou em casa dela – uma casa muito branca, inteiramente de mármore e cercada de ciprestes... No outro dia, com o corpo dolorido, os membros lassos, entorpecidos, despertou. Não no leito de plumas em que se deitava na véspera, nem nos braços de seda daquela misteriosa criatura, que nem uma única palavra sequer pronunciara, mas sobre uma lousa fria do cemitério do Carmo!... Moreira compreendeu imediatamente, transido de pavor, que a mulher com quem ele dormira não era senão o demônio, ao qual sua alma talvez já pertencesse de todo. Numa inquietação que aumentava cada vez mais, sob uma crise de nervos raiando pela loucura, procurou depressa um padre, a quem contou o que lhe sucedera. Depois de confessar seus pecados e profundamente arrependido, assentou de levar vida pura e piedade. Para começar, no mesmo dia retirou do banco seus haveres e distribuiu-os com a pobreza e instituições de caridade. Em seguida, tomando um hábito e com o nome apenas de Irmão Moreira, saiu para o mundo, esmolando para os necessitados, pregando o bem e curando enfermos, como Jesus, com o simples contacto de suas mãos.
Aida Mendes - Itajubá MG


O SEGREDO SÃO JOÃO DEL REI - No pequeno sobrado em que funcionou, há tempos, um departamento do Ministério da Agricultura, situado atrás da igreja de São Gonçalo Garcia, residia outrora um opulento capitalista, de nome Rogério, casado com uma senhora cuja perversidade era o terror da mísera escravaria às suas ordens. Entre os escravos havia uma jovem mulata chamada Julieta, cuja beleza e juventude alvoroçaram, logo que chegou, os sentidos do senhor, homem forte, másculo e ainda relativamente moço. A maneira branda por que, desde o primeiro dia, começou a tratar a nova escrava, despertou incontinente os ciúmes da esposa, dona Jacinta, que exigiu o mais depressa possível a venda da rapariga, com o que não concordou Rogério, visto as razões secretas que tinha para conservá-la em seu poder. Suspeitando do esposo, pôs-se dona Jacinta a espioná-lo, habilmente, e foi sem grande dificuldade que ficou sabendo que Julieta era algo mais do que simples escrava... Não deu a menor demonstração do que acabava de verificar. Tornou-se até mais carinhosa para com o marido, a quem, dali por diante, deixou de falar na venda de Julieta. Um mês depois, Rogério fazia anos. A mulher quis, ela própria, fazer o jantar. Aliás, não foi um jantar apenas melhorado que dona Jacinta apresentou no dia, mas um verdadeiro banquete. Era grande a variedade de pratos que enchiam a mesa, mas, entre todos, aquele de que mais gostou Rogério foi um de picadinho de coração, muito de seu agrado e de que só ele comeu e repetiu mais de uma vez, delicado. Findo o repasto, horas depois, precisou de Julieta. Chamou-a em voz alta. Não teve resposta. Estaria no quintal? Gritou da varanda, com mais força. A rapariga não respondia. Mandou que a procurassem. Ninguém a encontrou. Desconfiado de que a mulher a tivesse vendido à sua revelia, interpelou-a ardilosamente: - Será que a mandaste a alguma parte, Jacinta? - A Julieta? - Sim, a Julieta! – exclamou Rogério, já de mau humor. - Bem, o coração tu o jantaste... O resto não sei... pergunta ao Bento... Tudo fora feito em segredo: o assassínio, a abertura do peito, a retirada do coração, com a desgraçada ainda viva, fortemente amarrada e com a boca entupida de pano, para que não se ouvissem seus gritos. Em seguida, o enterro ali mesmo, onde se consumara o hediondo crime. Os escravos sabiam que Julieta tinha ido, durante o dia, com a senhora e o Bento – escravo mau, que aplicava os castigos – para uma capoeira próxima da cisterna. Depois disso, nunca mais a viram. Curiosos, perguntaram ao odiado companheiro e algoz o que tinham ido fazer os três no lugar de onde não mais voltara a bonita mulatinha. - Ali há um segredo... Não posso dizer... Pagaria com a vida... E o local da tragédia ficou sendo, para os escravos, O Segredo, - denominação esta que, mais tarde, se estendeu aos arredores e até hoje se conserva.
Aida Mendes - Itajubá MG


O SENHOR DE MONTALVER'NE - À mesa da confraria da irmandade de São Francisco de Assis, reunira-se, pela segunda vez, na casa da respectiva Ordem, a fim de deliberar a respeito de uma imagem do Senhor do Mont´Alverne, que ia ser colocada no altar-mor da referida igreja. Tomando parte na assembleia brasileiros e portugueses, por um natural impulso de patriotismo, queriam os primeiros que a imagem fosse esculpida aqui, os segundos, em Portugal. Ainda dessa vez não foi possível acordo, ficando o caso para ser discutido em outra assembleia. Eis senão quando, à casa da Ordem foi bater um peregrino, desconhecido na cidade e que, à míngua de recursos, pedia pousada por uma noite. Atendido pelo encarregado, foi-lhe destinado um aposento no porão, onde ele depressa se acomodou, fechando a porta a chave. Não trazia nenhuma bagagem, um simples bornal sequer, nada. No outro dia, ninguém viu o estranho personagem. O quarto que lhe deram estava com a porta e janelas fechadas. Não quiseram incomodar aquele pobre velhinho de barbas de neve: talvez estivesse muito cansado. Ao segundo dia, porém, o quarto continuava na mesma situação. Como, desde que chegara, não o viram sair ao menos uma vez, nem ouviram o mínimo ruído lá dentro, suspeitaram que ele houvesse adoecido, a ponto de não poder erguer-se do leito, ou mesmo que tivesse morrido. Já inquietos, então, bateram à porta. Silêncio absoluto. Tornaram a bater, com violência, depois. Nenhum rumor, nenhum sinal de vida. Forçaram a porta: estava fechada a chave. Certos já de um sombrio acontecimento, resolveram arrombá-la. Para fazê-lo, chamaram a polícia e testemunhas e, ao primeiro golpe do machado que um soldado vibrara, a fechadura saltou. A escuridão no interior era quase completa. Abriram imediatamente as janelas: o misterioso peregrino havia desaparecido e, em seu lugar, uma imagem do Senhor do Mont´Alverne, de tamanho natural, pregado à cruz, encheu de pasmo e de deslumbramento a todos os presentes, tal a sua maravilhosa perfeição. Acreditou-se logo que o peregrino não era senão um santo, que realizara aquele milagre. A nova correu célebre pela cidade. E de todos os pontos, numa verdadeira romaria, vinha gente ver a imagem, que poucos dias depois foi transportada, com grande solenidade, para a igreja de São Francisco de Assis, onde até hoje se acha, no respectivo altar-mor.
Aida Mendes - Itajubá MG


A PROCISSÃO DAS ALMAS - Conta-se que certa vez, durante a quaresma, um fato muito estranho aconteceu na cidade de Congonhas. Uma senhora na janela, de madrugada, observava a cidade em silencio. E a sua rua, a ladeira do Bom Jesus estava completamente deserta, até uma certa hora quando ela avistou pessoas que subiam em procissão. Eram pessoas desconhecidas que ela nem sequer vira algum dia, nem no centro, nem na rua e muito menos na Igreja. Mas uma dessas pessoas lhe entregou uma vela e pediu para guardar até o outro dia. Ela aceitou e guardou numa gaveta e seu quarto. Quando voltou à janela a procissão já ia mais adiante. Foi quando ela notou que as pessoas não caminhavam, não possuíam pés: elas flutuavam! E o seu espanto só não foi maior do que quando resolveu olhar a vela guardada: havia se transformado em um pedaço de fêmur humano.
Aida Mendes - Itajubá MG


CABOCLO D'GUA - Desci de um salto a ribanceira a baixo! Era tudo o que menos queria fazer! Fui cair justamente no meio de um formigueiro de saúvas vermelhas, cabeçudas, e elas me olhavam com poucas caras! Foi que me vi atrelado ao meu destino. Um grito surdo, ouvi. O que é isto meu Deus? Alguém se matando? Ou sendo vitima daquele um? Deus, que faço eu? Era de se esperar mesmo! O estranho passou procurando alguma coisa no ar, ele cheirava a brisa tentando me encontrar. Por sorte, ela não me via pouco abaixo de seu nariz! E como era feio aquele um!! Pequeno, cabeludo, fedorento, esquizofrênico... E inúmeros adjetivos que por ora não me lembro de expressar. Tudo conspirava ao meu favor! O vento o levou pra longe de mim. Que pena!! Iria fazer picadinho dele. Mas ele deu a volta, e passou novamente por mim. Não haveria de ter medo, uma vez que já o vi! Oras senhor!! Eu com medo? Deveras tê-lo mesmo. Imaginei que por motivos alheios, estaria interessado em mim. Nunca visto algo assim parecido! Eu e a “coisa” será que é assim que se vê “a coisa preta” ? Velho ditado. Bem, nada se compara neste mundo. Estou perdido, louco varrido! Meu barco esta furado, e tem um bicho querendo me pegar. O bicho vai pegar, se eu der mole pra ele. Era determinante pra minha segurança agir imediatamente, foi um momento de extasiado! Eu era a comida que corria, e ele era o caçador. Nada irava minha atenção! Milimetradamente eu calculada os passos sem rumo. É próximo de minhas duvidas, haveria de correr demasiadamente, era meu único parecer favorável, algo incomum estava acontecendo naquela ilha, e eu era o centro de tudo aquilo ali. Foi quando vi, bem distante, aquele ser mergulhar e for embora, sei lá pra onde, mas...ele se foi. Uma pausa pra meditação! Era preciso estar, pois ele voltaria, sabendo de mim, ele voltaria a procurar-me. Deus, onde foi que eu errei? Nem humor eu tinha naquele fim de mundo, era ainda madrugada, não havia pregado os olhos nem um minuto si quer. Eu não gostava d e tempo, nem estava em Sá consciência, me perdi! Era tudo o que menos deveria de ser, eu perdido. A ilha das pedras, era agora meu destino, minha morte pré-matura? Eu deveria saber. O dia amanhece, obrigado Deus! Agora eu poderia ir embora. Desci, percorri, quando cheguei ao final da trilha, olhei ao meu redor, oh, meu Deus...O pesadelo, a noite passada me vinha à mente, e não era sonho! Vivi aquele momento devastador, tremulo agitado, sem perspectivas de sair vivo daquele lugar. Meu tio? Diga-me ...porque não me havia falado deste ser tão medonho desta ilha? Eu acreditei..desacreditando! Não me imaginava estar aqui, sendo caçado feito bicho! Tenho de sair daqui! Isto, vou nadar até a outra ilha, e de lá peço socorro. Boa Ideia! Durante o dia, ele não me atacará. Refleti por um momento. Dei de olhar, antes de pular na água. Nadaria contra a correnteza, havia um ditado que as águas daquela ilha eram misteriosa, quem nela caísse, dela não aia! Fique pensando o porquê, e mesmo assim adentrei. Meu destino não poderia ser a caça daquela “coisa”. Eram de se medir, uns trezentos metros até a margem! Pra mim, era de bom tamanho. O que não poderia era ficar pra morrer. Espere! Um barco! Ele, ele, estou aqui! Aqui ô!!! Um barqueiro vinha descendo o rio, ele me viu, assinou pra mim, depois veio na minha direção! Espere! Algo esta indo na sua direção! Comecei uma gritaria sem tamanho, ele! Ei, cuidado com o bicho! Ele me perguntava, mas nada se ouvia! E a coisa ia pra cima de sua embarcação, foi que tombou, e não se viu mais nada! Voltei pra margem imediatamente. Fiquei de longe olhando o que foi feito do barqueiro. Meu Deus! Aquela coisa o pegou! Bateu-me um desespero. Agora, mais do que nunca sairia de lá. Ficar na água, era morrer, mas o velho ditado: ” Se ficar o bicho come, se correr o bicho pega” que vai ser de mim!?
Ramos Lopes - Contagem MG


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