Onde se quer chegar?

Autora: Cláudia Compri

Jovens, cada dia mais cedo, a serviço do crime: - Tráfico de drogas utiliza menores até no enfrentamento contra a polícia (“O Diário de Teresópolis”, 10/11/2009)”

Morte de estudante em Salvador, ainda é mistério: - Ela foi encontrada na piscina onde deveria participar de uma competição. O enterro foi nesta sexta-feira” (www.jornalnacional.globo.com, 06/11/2009)

            Até quando permaneceremos com os braços cruzados, estáticos, assistindo todos os dias nossa juventude envolvida em manchetes como estas? A todo o momento somos notificados pela mídia sobre fatos, envolvendo jovens, com criminalidade e violência. Até quando deixaremos que crianças e adolescentes acabem consumidas pelo vício, pela dor, pela angústia, pela privação, muitas vezes encerradas em grades de instituições prisionais, que só geram cada vez mais e mais violência?

            Até quando permitiremos a falta de luz no caminho de quem percorre sua trajetória sem direção, sem segurança, sem ponto de partida e, sem posição de chegada?

            Já é hora de parar. Pais! Professores! Líderes religiosos! Psicólogos! Médicos! Todos aqueles que acreditam! Aqueles que amam incondicionalmente! Vamos sacudir a consciência, fazê-la despertar, ouvir a voz de quem clama por socorro, por atenção, por direção, por apoio, por segurança, por saúde física, mental e emocional. Chega de desprezo, de opressão, de repressão. Ouvir se faz necessário, amar se faz necessário, respeitar se faz necessário, sonhar e lutar pela realização do sonho é mais que necessário.

            Quando um jovem agride, é amor que está pedindo, quando desrespeita, é respeito que está pedindo, se foge, é porque quer ser encontrado, quando discrimina, busca o limite, quando está só, quer um amigo, quando não reconhece os pais, está em busca da figura dos pais.

            Onde se pretende chegar com uma sociedade que enfatiza de forma desmedida os bens, o que se tem? Por onde anda o reconhecimento do ser, a essência humana enquanto parte integrante da natureza, do ciclo da vida? Enquanto todas as criaturas lutam pela vida, caminham em busca do sol; o homem, a cega, caminha no sentido oposto, vai de encontro à morte, às trevas, perdendo-se nas drogas, no álcool, nas tentativas de suicídio, quiçá consumados.

 

“Gosto de ser gente porque, mesmo sabendo que as condições materiais, econômicas, sociais e políticas, culturais e ideológicas em que nos achamos geram quase sempre barreiras de difícil superação para o cumprimento de nossa tarefa histórica de mudar o mundo, sei também que os obstáculos não se eternizam.” (Freire, P., 2002, p.60).

           

            O jovem precisa de formação, de atenção, de limites, de uma linha que mostre a direção a seguir, e, se nós não agirmos para trabalhar nesse sentido, conscientizando, sensibilizando, compartilhando, respeitando, exigindo, liberando, limitando, apoiando enfim, talvez terminemos no apocalipse de fogo e chamas, porém se conseguirmos fazer das crianças, homens - cidadãos conscientes, talvez cheguemos à salvação esperada, à verdade, ao caminho e à vida.

          

           “E Há que se cuidar do broto,

           Para que a vida nos dê flor,

           Flor e fruto.” (Milton Nascimento)


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