Começar de novo - Capítulo 4

Autor: Valdir Sales Pitombeira Filho

Contato: valdirsalespitombeirafilho@hotmail.com

Todos ainda sem entender o que estava acontecendo e Eleildes aproveita para soltar o verbo perante a todos.
- Vocês já se conheciam? - Luciana calada, Breno se antecipa.
- Sim... a senhora Luciana e eu já nos conhecemos, ela tem uma ONG e eu já mandei uma doação em nome da empresa.
- É como eu sempre digo... É ajudando aos outros que se empresta a Deus, belo trabalho meu filho, eu não conhecia esse seu lado humanitário, parabéns__ Cumprimentava Otto a Breno.
- Engraçado, eu nunca soube dessas doações.
- Na verdade, as doações foram feitas, por mim mesmo, Eleildes, eu decidi doar da minha conta privada e não da empresa.
- Mais isso é que eu digo... são de homens assim que este país precisa. - Insistia Otto na frente de todos, para ódio de Elieldes.
- Eu me sensibilizei com a causa de Luciana... o senhor tem que ver o trabalho que ela desenvolvi.
- Adoraria conhecer sim, sería muito bom para a empresa e para a ONG, gostaria de conhecer seu trabalho senhora... como é mesmo o seu nome?
- Luciana Palmer... eu vi o trabalho dela na internet e achei que a empresa poderia muito bem ajudar, é um trabalho extraordinário... por isso eu resolvi traze-la aqui para que ela mesma, possa expor as suas ideias e mostrar como esta sendo o desenvolvimento da empresa.
- Boa ideia Eleildes.... mas a moça... não fala nada...
Luciana engole a seco... mal conseguia olhar para Breno.
- Bem na verdade, o meu trabalho é voltado para as crianças carentes, quando a senhora Eleildes me procurou ___ Breno olha para Eleildes, percebia ali que algo está acontecendo __ Eu pensei que seria muito bom para a ONG um apoio de uma empresa de renome como a de vocês.
- Vamos a minha sala... vamos todos... eu quero que você me explique tudo, desde do inicio... você deve ter trazido algum material para nos mostrar.
- Claro... eu trouxe uns slides... documentos, fotos...
- Ótimo... vamos... eu vou adorar ver esse trabalho social... temos algumas instituições que ajudamos... é sempre bom ajudar a quem precisa... por aqui ___ Otto dá a mão a Luciana e a leva a sua sala... Breno olha com um olhar fixo para Eleildes, que sorri amarelo, ambos seguem para a sala de Otto.
MINUTOS DEPOIS
Luciana dava explicações a todos os diretores da empresa, enquanto ela falava Breno mal prestava atenção, em sua mente só vinha uma pergunta, como Eleildes conseguiu encontrá-la, será que ela já sabia demais? Questões que Breno precisava descobrir, antes que seu passado viesse a tona.
ENQUANTO ISSO
Na mansão, Viviane descia as escadas olhando o anel que ela tinha ganho de Breno, um mordomo a esperava em baixo da escada.
- Bom dia Alfred... não é lindo o anel que meu noivo deu?
- Lindo mesmo senhorita... muito bonito.
- E caro... ah é muito bom ganhar presentes bons,
- A senhorita tem visitas, a senhora Brunelly está na piscina com a senhora sua mãe...
- Ok... ah Alfred... me prepare um bom suco de laranja, sim, estou com muita sede... leva na piscina.
NA PISCINA
- Brunelly my Darling. - Se beijam formalmente. - Veja o que ganhei. - Brunelly observa o anel, com cara de desgosto ___Não é lindo!! Breno tem um bom gosto para joias.
- É muito bonito mesmo... estive na estilista... o vestido ficou pronto, eu o trouxe para lhe mostrar.
- Ótimo... depois que eu tomar meu café da manhã a gente olha, mas com certeza deve estar divino, afinal de contas, a Bety é a maior estilista dessa cidade, sabe que eu não economizo, esse casamento será a sensação do ano.
- Sim, eu falei com a minha empregada e ela disse que não conehece nenhuma bordadeira lá no bairro.
- Ah foi... acho que peguei o endereço errado.
- Bordadeira, filha? O que está pensando em bordar?
- Eu estava pensando assim nos travesseiros, colocar o meu logotipo e o de Breno... além de ser um charme... é muito chique... vi isso em alguma revista de decoração.
- Com certeza filha... apesar que eu acho um desperdício de dinheiro.
- Mamãe nunca foi com a cara de Breno... imagine Brunelly, se eu poderia ter um homem melhor do que ele.
Dora levanta-se da mesa.
- Pois eu ainda acho o Lealdo, muito mais interessante.
- Ah mamãe o Lealdo... um simples empregado da empresa, eu a herdeira do grupo Maldonatto casando-se com um qualquer, imagina! Logo eu! O que iriam dizer as minhas amigas, a imprensa? O Breno é vice presidente do grupo e o Lealdo não passa de um simples membro do conselho... são patamares completamente diferentes.
- Eu não sabia da sua implicância com o Breno, senhora Dora.
- Não é uma questão de implicância. Mas eu não vejo nesse Breno um homem ideal para Vivi se casar, na verdade ele para mim, não passa de um caça dotes, mas até o meu marido... o vê como um herói, o que eu posso fazer? Agora aceitar... não... isso eu não aceito.
- O que a senhora tem é implicância gratuita por ele isso sim. só porque papai o trata como um filho... um filho... que ele não teve.
- Eu não quero falar nesse assunto filha.
- Mas é a verdade... papai tem o Breno como filho, uma vez ele me disse que se tivesse um filho, seria igual ao Breno... ambicioso... competente... determinado, eu lamento mamãe que a senhora só teve a mim como filha... graças a Deus... senão eu sería irmã do Breno... imagine só... eu irmã do Breno, onde eu iria achar um homem como ele?
- Vocês me dão licença, esse sol está forte. Vou entrar um pouco, sim. - Dora sai rapidamente.
- Vivi... não devias falar com a sua mãe assim, sabe que ela perdeu seu filho ainda na gravidez, deve ser muito desagradável para ela ver você falar assim.
- Mas é a verdade... a mamãe odeia o Breno porque papai o ama, ela nunca se conformou em não ter dado um filho homem ao papai e agora fica ai toda magoada quando a gente fala nisso... o Breno não tem culpa porque mamãe tem um útero seco e não pode mais engravidar, depois do último aborto... bem feito... quem manda.
Bunelly fica observando a amiga, enquanto isso a porta do quarto se abre, Dora entra aos prantos caindo sobre a cama, estava decepcionada, angustiada com o que acabara de ouvir.
- Meu Deus! Eu criei essa menina como se fosse minha filha e ela me trata assim, porque? Porque eu tenho que me afastar do meu verdadeiro filho e ter que conviver com uma que eu não gerei... porque? porque?
ENQUANTO ISSO DE VOLTA A EMPRESA
A explanação de Luciana chegava ao fim.
- Bem senhores... essa é a semente do amanhã, espero que tenham gostado.
- Bravo! Bravíssimo! é um excelente trabalho senhora Luciana, a nossa empresa terá a maior honra em cooperar... Breno... você deveria ter nos contado sobre esse projeto.
- Eu ainda estava vendo a possibilidade de traze-la aqui, mas a nossa companheira Eleildes adiantou o meu trabalho __Sorri amarelo para ela.
- Eu sabia que os senhores iriam gostar.
- Pois adoramos... pode ficar certa querida, que a Second Life entrará com um belo apoio financeiro... acho que são ideias dessa que devem ser apoiadas, não concorda comigo Breno?
- Claro... claro senhor!
- Muito muito bem... Breno eu deixo a seu critério... dona Luciana, quero dizer... senhorita Luciana, eu deixarei a senhorita nas mãos de Breno, tenho certeza que ele saberá como ninguém lhe ajudar nessa sua obra... por favor Breno, faça as cerimônias da casa, mostre as instalações a ela... e não economize nada entendeu, quero que essas crianças tenham o bom e melhor, afinal de contas são as crianças que tomarão o mundo no futuro.
- Pode deixar senhor Otto... por aqui dona Luciana. - Breno abre a porta e Luciana passa, na sala, Eleildes olhava com um olhar feliz para Lealdo.
NA CASA DE LEALDO
- Noivo... eles eram noivos?
- Isso mesmo que você ouviu Lealdo... Breno disse a ela que seria apenas um estagio de 6 meses, e deixou ela esperando por 15 anos, ah mais quando Otto souber que o noivo da filha dele já foi noivo, eu quero ver só a cara que ele vai fazer eu sabia que esse cara escondia algo.
- Mas você precisa de provas.
- E isso aqui não é. - Eleildes mostra a foto de Breno e Luciana e estava escrito “ O nosso noivado foi maravilhoso “ ___Então isso é ou não é uma prova cabal que ele enganou a todos?
- Mas já se passaram 15 anos... esse noivado praticamente não tem mais relevância nenhuma... eu não acho que isso venha a interferir muito na decisão de Otto.
- A dele não, mas imagine quando a Vivi souber que o noivo dela tem uma noiva e pior... que ela está aqui, a essa altura na sala dele, se eu a conheço... Vivi não vai gostar nada de saber disso.
- E você pretende avisá-la?
- Claro que sim! Eu disse Lealdo... de um jeito ou de outro eu quero ver esse Breno quebrar a cara e eu vou, pode apostar nisso.
NA SALA DE BRENO
Luciana e ele entram, o clima estava tenso e os dois estavam visivelmente abalados com o encontro, Breno tenta disfarçar a situação.
- Está é a minha sala... pequena... mas...
Luciana olha toda a decoração, Breno insiste falando sem falar. - Eu vou fiquei muito feliz em ter te encontrado... na verdade.
- Na verdade foi uma surpresa para mim também, ao contrário de você eu não estou nada feliz em ter te encontrado. Eu não imaginei que o convite de Eleildes fosse justamente na sua empresa, sinceramente...eu não teria vindo.
- Luciana acho que precisamos conversar. - Breno se aproxima, mas Luciana se afasta indo ao outro lado da sala. ___Temos muito a conversar.
- Não... não temos nada... a não ser a ajuda que a sua empresa dará a ONG, quanto ao resto... ficou enterrado... há 15 anos atrás, quando você trocou os nossos sonhos pelo seu sonho... pelo visto você conseguiu... doutor Breno Sherman... você chegou lá.
- Ainda não... ainda me falta uma coisa... me faltou você durante esses anos todos.
- Pelo visto, você continua ambicioso, não bastava a vice presidência do grupo você quer mais? A presidência é claro!! Mais isso é fácil para você, consegue sempre o que quer, não é mesmo Breno?
- Eu entendo a sua raiva.
- 15 anos... 15 anos que eu espero uma ligação sua... uma carta, sei lá... mas não, o grande empresário estava ocupado demais, galgando postos não ia se importar com uma provinciana não é mesmo.
- Não é assim... ao menos esse não foi o meu objetivo, é que aconteceram tantas coisas, durante esses anos, mais eu nunca deixei de pensar em nós um só minuto durante esses anos, acredita em mim.
- Eu acredito... acredito que você tinha outros planos em sua vida, como o noivado com a filha do dono da empresa... fiquei sabendo que será o casamento do ano.
- Não acredite no que Eleildes te disse.
- Oh Breno Sherman... eu não preciso que ninguém diga nada, muito me admira você um homem tão importante... já saiu em todos os jornais, até lá em Smalltown tem jornais sabia... todos lá sabem que o magnata está prestes a se casar, sabia que você é uma celebridade por lá, todos falam de você todos os dias... como você conseguiu o que quis... fica difícil esquecer se todos falam como você se tornou um vencedor. Todos lembram de você... ao contrário... foi você quem esqueceu de nós... da sua cidade, do seu povo.
- Você está enganada... Luciana eu me lembro de você sim.
- Lembra, como? Nos preparativos do seu casamento. Breno por favor, eu não vim aqui, ouvir as mentiras... a última mentira que ouvi foi há 15 anos, naquela rodoviária, quando você disse que ia voltar para me buscar. E onde eu te encontro? hein? as vésperas do seu casamento. Portanto, poupe de suas mentiras, eu não vim aqui para isso.
- Você não está me entendo, eu sei que parece um absurdo, mas acredite em mim. - Ele se aproxima de Luciana ___ tudo que eu fiz. Tudo que eu faço e o que eu vou fazer, só tem um objetivo... nós dois... sim nós dois, porque depois que eu conseguir tudo o que eu quero.... eu volto para você.
- Mas... é um absurdo... eu não consigo entender, como uma pessoa chega a esse ponto... Breno, eu até acredito nas pessoas, mas depois do que eu ouvi aqui, como é que você tem a cara de pau, de mim dizer tudo isso, estando noivo e prestes a se casar... eu... eu estou... sem palavras Breno... meu Deus, como o dinheiro, o poder mudam as coisas, eu sabia que você era ambicioso, mas que chegasse a tanto... eu vou embora.
Breno a segura pelo braço.
- Espera... acredite em mim, eu te amo. Sempre te amei.
- Me solta... eu não quero ouvir nada, aliás... nada do que vier de você me interessa senhor Breno Sherman... o que você pensa? Que pode manipular as pessoas assim, que basta uma conversa bonita e as pessoas esquecem tudo que passaram, foram 15 anos... 15 anos de espera... todas as tardes eu ficava vendo o ônibus chegar, para ver se você descia nele... mas eu fui uma boba ___ Luciana se emociona ___Como... como você pode fazer isso comigo? Eu não queria nada de você... nada!! a não ser que você me amasse, como eu te amei... que fossemos um casal... mas não!... a sua ambição falou mais alto, sempre falou não é verdade... durante esses anos... uma carta, não me escrevestes... uma só linha, um só telefone, depois com o passar do tempo... a ficha caiu, eu percebi que você não vinha, que não era e nunca foi seu plano voltar e me buscar... eu demorei muito percebendo isso, quando eu vi nos jornais a sua ascenção... o homem de sucesso... capa da forbes, até que eu vi a matéria falando do seu casamento, com a herdeira do grupo Maldonatto... eu fui tão burra que nem me dei conta que eu vinha paara cá... mas não pensei que fosse te encontar, muito menos que você tivesse esse tipo de atitude.
- Você não vai me perdoa nunca, não é?
- Eu já te perdoei... agora você tem que pedir perdão a Deus... porque se eu te conheço Breno... você deve ter pisado em cima de muita gente para chegar aqui, eu só espero que um dia você se arrependa de tudo isso, porque senão será tarde demais ___ Luciana pega a bolsa e sai... Breno ainda tenta ir atrás, mas acaba parando, ficando sozinho no escritório ele anda de um lado a outro... esmurra a mesa com fúria.
- Droga!!! Droga, droga, droga, droga... isso não podia acontecer, não agora... se a Viviane descobre essa mulher, pode colocar tudo a perder, eu preciso fazer alguma coisa, antes que eu perca o controle... eu preciso fazer alguma coisa e rápido... muito rápido.
ENQUANTO ISSO
Gessica ouvia tudo atrás da porta, depois ela entra assustada em sua sala.
- Meu Deus! Eu não acredito no que eu ouvi... que homem é esse? Que homem é esse meu Deus! ___Gessica fica paralisada.
NA SALA DE ELEILDES:
Ela estava em seu computador, quando a porta abre e entra Breno supernervoso.
- Eu preciso falar com você Eleildes... e tem que ser agora?
- Nossa! Parece que viu um fantasma?
- Eu não estou para brincadeira, é serio! Muito sério!!
Eleilde já sabia do que se tratava, mas ficava calma, esperando apenas Breno disser ao que veio.
ENQUANTO ISSO:
Luciana entrava num quarto de hotel, estava nervosa... não conseguia ficar parada, a conversa com Breno, havia lhe tocado muito... ela abre a porta do armário e pega a mala, joga na cama, mas ao mesmo tempo que ela joga as roupas na cama, ela desaba em lágrimas ajoelhando-se no canto da mesa.
- Por que meu Deus!! Por que? - Luciana chora compulsivamente no canto da cama.
JÁ É NOITE
A conversa entre Breno e Eleildes estava acirrada.
- Você sabia sim, você fez de proposito.
- Ora Breno... como eu ia saber que você era noivo.
- Você não me engana, eu sei que você foi atrás dela, eu só não entendo o que você ganha com isso... você quer impedir o meu casamento com Viviane, é isso? Você quer conturbar o meu relacionamento?
- Ora Breno... você não é o centro do universo... eu nunca iria imaginar que você fosse noivo... o que eu ganharia com isso? Hein... me diga.
- Eu não sei... mas eu te conheço... você nunca se conformou em eu ter me envolvido com a Viviane.
- Ah não!! Você acha mesmo que é isso? Que eu estou com ciúmes de você com a Vivi... era so o que me faltava... olha aqui Breno... nunca, mas nunca ouvi, nem em meus piores pesadelos... eu e você juntos? ___Eleildes começa a rir ironicamente.
- Você sabe o que poderíamos ter vivido.
- Nunca!!! Eu e você juntos... olha aqui Breno... você pode ter caído nas graças de Otto, mas quanto a mim... como homem... nunca... nunca ouviu bem... nunca passou pela minha cabeça me envolver com você... saia da minha sala agora, você pode ser o vice presidente da empresa, mas isso não te dá o direito de vir a minha sala com esse tipo de comportamento... portanto ___ Eleildes abre a porta da sala ___ Saia agora.
- Pode apostar, se eu descobrir que você está por trás disso Eleildes, eu não respondo por mim.
- Isso é uma ameaça?
- Não... é apenas um aviso... ___ Breno sai, Eleildes fecha a porta e começa a rir sozinha.
- Eu apaixonada por Breno... era só o que faltava.. eu... eu... - Ela para de rir e fica séria __ É, pelo visto a visita de Luciana mexeu muito com ele... isso é muito bom.
CORTA PARA
Em seu carro, Breno dirigia em alta velocidade, em sua mente estavam as frases que Luciana tinha lhe dito, ele não respeita os sinais, ultrapassa os carros, cria situações complicadas, completamente sem noção do que estava fazendo.
NA MANSÃO:
Otto chega a mesa e só encontra Viviane e Brunelly sentadas.
- Ué... a onde está Dora?
- Disse que estava com enxaqueca e não desceu.
- Eu vou falar com ela... - Otto sai.
- Vivi... eu acho que você pegou muito forte com a sua mãe.
- Ah... quem manda ela se meter no meu casamento... bem feito... e eu não disse nada de errado... disse?
- E se ela contar ao seu pai?
- Eu conheço meu pai, ele sempre fica do meu lado... sempre... hum nossa esse risoto está uma delicia ___Vivi parece que nada aconteceu, mas Brunelly fica pensativa.
QUARTO DE DORA
Ela estava em pé, com um cigarro na mão... vestia um robe preto de cetim... a porta abre, entra Otto.
- Não desceu para o jantar, fiquei preocupado.
- Sua filha... não contou?
- Mais uma das suas briguinhas... ora por favor Dora, eu pensei que já tivessem superado isso.
- Eu até tentei... mas a sua filha... ela... ela simplesmente tem o prazer de me ver por baixo, de me magoar... de jogar na minha cara, coisas... meu Deus... eu criei essa menina como se fosse minha filha e o que eu ganhei com isso?
- Fale baixo... você não quer que ela ouça.
- Por mim... pouco me importa... se ela vier a descobrir ou não, eu estou farta Otto... farta das crueldades da sua filha... dessa mania que ela tem de se achar a melhor entre outras, e nem a mim, quem ela pensa que eu sou, a sua mãe, ela me trata dessa maneira... meu Deus... esse casamento é uma loucura, ou melhor um capricho dela sim, de uma menina e mimada que sempre teve o que quis, e agora quer um marido.
- Vamos mudar de assunto. Eu não quero que ela descubra isso, temos um acordo. Esqueceu?
- Não, não esqueci... todos os dias da minha vida eu lembro desse acordo. eu troquei o meu filho... por sua filha. Eu abandonei o meu filho legítimo para criar a sua filha bastarda, como alguém pode esquecer isso. Hein... como? me diga?__ Dora desabafa na frente de Otto que não tem palavras para ir de encontro a ela.
ENQUANTO ISSO
Breno continua tentando achar uma saída para a presença de Luciana nas empresa, temia que se alguém soubesse de seu noivado, poderia estragar seus planos, desnorteado, ele desce do carro e nem sente a chuva que caia torrencialmente na cidade, ele anda sozinho, desolado numa praça, em sua mente as frases que Luciana havia lhe dito "eu imagino as pessoas que você pisou pra chegar a onde chegou", era evidente que Breno estava ao mesmo tempo chateado com a presença dela, e ao mesmo tempo, um sentimento que ele havia guardado a 15 anos, estaria voltando, estaria ele sentindo algo por Luciana, ou era apenas medo que ela venha estragar seus planos... a chuva aumenta e ele se encosta numa marquise e encontra um mendigo.
- Um esmola por favor... tô com fome.
- Vai trabalhar vagabundo.
- Mas eu estou com fome.
- E o que me importa? O mundo caindo na minha cabeça e vou me importar com um zero a esquerda... que morra de fome se depender de mim.
- O mundo pode estar caindo sobre a sua cabeça, mas a escolha foi sua.
Breno para e olha para o mendigo.
- O que você disse?
- Que no mundo há dois caminhos... o estreito que leva a Deus e o Largo que leva ao inferno, você quis o largo, conseguiu tudo o que queria, menos o que mais gostava.
- O que você sabe de mim, seu.... desgraçado! quem é você?
- Posso não ser nada, mas também sei que você não é quem diz ser.
- Você não me conhece, não sabe nada da minha vida.
- Sei muito mais do que imagina! Sei que você fez uma escolha, certa ou errada... só você pode avaliar. Na vida as vezes nem tudo que queremos nos é permitido, porque nem sempre aquilo que nós queremos não é aquilo que nos faz bem. Você fez a sua escolha... agora resta apenas avaliar se foi a certa ou não.
- Quem é você para falar de mim assim, não me conheces, eu sou um homem muito poderoso, eu tenho tudo o que eu quero... você não passa de um João Ninguém, um trapo humano... o que você pode saber de mim? Da minha vida hein? Eu sou rico entendeu!
E você... tem uma vida miserável... o que podes saber da vida... se você nem sequer tem uma, você não passa de um pobre desgraçado. Eu não! Eu sou um homem realizado. Você nem imagina a vida que eu tenho. Você mal tem o dia e a noite, olhe para você... quem é você comparado a mim?
- Mas não sou eu quem está andando na chuva de cabeça quente tentando resolver um problema. Será que você é tão realizado assim? Ou está com medo que seus planos não deem certo... há certos segredos que deveriam ficar guardado no passado, não é senhor rico?
- Escuta aqui? - Quando Breno vira-se para falar com o tal homem, não havia ninguém no local... ele se assusta, procura pelos cantos, mas nem sinal do homem__O que está acontecendo comigo?___Breno fica pensando no que acabara de ouvir. Tenso, ele fixa o olhar no canto onde o tal homem estava, aquelas palavras estavam mexendo com a cabeça dele.
VOLTANDO AO QUARTO DE DORA
- Você não precisa jogar isso na minha cara, fizemos um trato.. e seu filho está muito bem de vida.
- Pode ser... mas quem criou ele, foi a minha irmã, eu perdi os melhores anos da vida dele, não vendo ele caminhar, dar os primeiros passos, a primeira fala, enquanto a sua filha... eu dediquei muito mais a ela do que ao meu filho e o que eu recebo? Só ingratidão, desprezo... ela não me vê como uma mãe.
- O seu problema é que você fica implicando com ela... deixe a menina andar por suas próprias pernas.
- O seu mal é isso... você criou essa menina como uma rainha, sem limites, ela não tem censo de certo e errado... ela acha que pode ter tudo o que quer, você educou muito mal a sua filha e veja no que deu? Uma menina mimada, prepotente, que acha que o mundo vive aos seus pés.
- Viviane é a única filha que eu tive... você nunca me deu outro filho, é natural que eu depositasse nela todas as minhas esperanças.
- Você sempre me acusa disso, eu tive culpa, depois do parto do meu filho, as pressas, eu tive complicações e nunca mais pude engravidar, mas isso não dá o direito de sua filha me humilhar... eu sempre fui uma boa mãe.
- Eu nunca disse ao contrário... mas Viviane está nervosa com a festa do casamento é isso... tenha um pouco de paciência.
- Paciência! Ela me trata como...

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