O efeito da novela

Autor: Humberto Pinho da Silva

Contato: humbertopinhodasilva@gmail.com

Divergem as opiniões: asseveram uns, que a TV, mormente as novelas transmitidas pelos canais de televisão, têm influência nefasta na sociedade; refutam, ao invés, outros, afirmando que séries e novelas, são simples e inocentes reflexos ou espelho da sociedade.
Quem terá razão?
Creio que são os primeiros, visto o público ser facilmente sugestionável, e tende sempre a copiar, atitudes e comportamentos, que fazedores de opinião e novelistas, pretendem inculcar nas mentes.
Já no passado era assim.
Romancistas e folhetinistas de gazeta exerciam forte influência no trem de vida da população.
D. Francisco Manuel de Melo – clássico da literatura portuguesa, – demonstrou, de modo inequívoco, no seu livro de Guia, o que acabo de assegurar.
A interessante tese de doutoramento, que a Doutora Raquel Carriço, investigadora brasileira, apresentou na Universidade Nova de Lisboa, vem revelar que muitos jovens observam cuidadosamente as novelas, mormente as de produção nacional, no intuito de aprenderem como se devem vestir e comportar-se em determinados meios.
Concluímos, então, que a TV, o cinema, e a imprensa influenciam a população, levando-a a tomar atitudes que antes reprovavam.
O que se disse não é novidade: a moda sempre foi ditada pela elite, que altera o vestuário de harmonia com gostos e interesses.
Tive professor de Economia, que contou numa aula, que importante industrial têxtil, acordara com estilistas, a troco de certa quantia, que as saias descessem até aos joelhos, a fim de aumentar a produção de suas fábricas.
E afirmava: as saias, durante anos, subiam, consoante os acordos, e as mulheres seguiam religiosamente as tendências, para estarem na moda.
Isso confirma que nada é mais influenciável que a opinião pública, e que esta copia meneios e atitudes de figuras conhecidas, personagens de filmes e novelas televisivas.
Quem segue as” novelas “, além da história – em regra imoral, – observa atentamente o vestuário, linguagem, modo de comportamento, e sensibilidade das personagens, e aplica, o que viu, na vida quotidiana.
Daqui se ajuíza a responsabilidade dos que têm a seu cargo escrever guiões, e os que a realizam.
A degradação moral e cívica da sociedade, deve-se, em parte, à novela televisiva.
Comportamentos de violência, desregramento sexual, perversões, não aparecem por acaso, são fruto de imoralidades e atitudes repugnantes que constantemente atingem as camadas jovens.
Não seria necessário Raquel Carriço ter-nos dito, na sua tese, o efeito da novela, no comportamento da sociedade, porque é intuitivo: maus livros, filmes violentos, novelas promíscuas, só podem levar à destruição da família, e aos desvarios em que vive a sociedade.


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