O sumiço das letras

O ESQUECIMENTO: IH! TALITA ESQUECEU A CAIXA ABERTA!

Era uma vez uma menina que se chamava Talita, tinha apenas sete anos, morava num pequeno povoado no estado do Amazonas. Ela gostava de ler e de escrever tinha muitos livros em sua casa, tinha também uma linda caixa com o alfabeto móvel, que era o seu xodó.
Um dia, Talita trouxe a caixa para a sala e espalhou as letras em cima de um tapete grande. Sozinha pôs - se a brincar. Ela sorteava a letra inicial ia pensando em cada palavra que queria escrever, e assim ela escreveu muitas palavras, até que chegou o cansaço. Depois, pôs-se a arrumar as letras na caixa, quando já estava terminando, lá por volta das nove da manhã, de repente ela ouviu que alguém gritava:
__ Talita! Talita!
Apressadamente Talita saiu correndo para ver quem estava no portão e....
__Olá Paulinha! Bom-dia!
__Oi Talita eu posso brincar com você? Trouxe todos os meus brinquedos.
Talita pegou também os seus brinquedos e as duas começaram a brincar de casinha debaixo da mangueira. Essa era a brincadeira predileta de Talita, então, como sempre ela envolveu tanto que nem se lembrou que havia deixado a caixa com o alfabeto aberta.
Enquanto Talita e Paulinha brincavam atentamente lá fora, as letras sapecas, A, E, I, O, U saíram de dentro da caixa. O restante ficou do jeito que Talita tinha deixado, bem quietinhas. Então o grupo de letras travessas foi até a porta e perceberam que elas estavam brincando alegremente e aproveitaram para fazerem travessuras, a vogal U que era a mais traquina falou:
— Vamos fazer traquinagem, primeiro vamos subir em cima do sofá. Nossa como ele é alto!
Foi em questão de segundos a letra O ligou um ventilador que estava no canto da sala, e imediatamente soprou todas até o telhado, depois caíram em cima do sofá. Durante uma hora elas ficaram pulando em cima daquele móvel. Depois pularam no chão, de repente ouviram um barulho na cozinha. A letra I indagou:
— Pessoal, escutaram um barulho na cozinha? Eu vou ver o que aconteceu.
Nas pontas dos pés a letra saiu para a cozinha quando voltou foi logo dizendo:
— Gente, nada demais, dona Carmem, a mãe de Talita, está começando a fazer o almoço. E o que ela está preparando?— a letra E.
Antes mesmo da letra E responder a letra U falou:                             
— Tive uma ideia, vamos para a cozinha bem devagarinho, para vermos o que ela vai cozinhar. Vamos nos esconder atrás da porta.
E detrás da porta, as letras conversavam entre si. A letra U que era mais esperta falou:
Delícia de macarrão com queijo, olha o cuscuz com manteiga!
As letras I e E queriam comer um pedaço de frango caipira com quiabo, depois um pedaço enorme de doce de leite. Enquanto essas letras discutiam sobre a comida, a letra A que era muito tímida saiu bem devagarinho, foi lá fora ver o que Talita estava fazendo.Então ela se escondeu atrás das plantas, viu que Talita e Paulinha estavam dando banho nas bonecas, e comentavam que mais tarde iria ter uma festa na casinha, ela viu que a boneca grande, aquela que Talita  não se desgrudava nunca , estava linda, estava com os cabelos trançados igual ao de Talita com uma trança em cada lado da cabeça, o vestido tinha a mesma estampa com bolsos na frente e laço amarrado  atrás. E a letra pensava consigo mesma:
— Ah! Se eu pudesse brincar com elas! Pois a casinha está tão arrumada, que dá inveja.
De repente, detrás das plantas ela ouviu:
— Talita! Paulinha! Venham almoçar!
Era dona Carmem que chamavam para saborear o almoço. E as meninas saíram correndo pelos fundos, a letra A também resolveu voltar para dentro de casa para encontrar o restante da turma. Assim que entrou topou com os amigos que vinham correndo para não serem descobertos, naquele momento tiveram que esconder apressadamente na pequena biblioteca. Muitos inquietos as letras E, O e U encontraram por lá uma enciclopédia e foram folheando, quando já estavam mais ou menos no meio do livro acharam a foto de um esqueleto, aí foi aquela gargalhada entre as letras. Primeiro a letra U piscou para esqueleto, depois a letra E fez tantas caretas, que todos deram umas boas risadas.
Talita e Paulinha passavam ali perto da biblioteca, a letra A ouviu atentamente o que Talita conversava:
Agora Paulinha é bom fazermos as comidas para nossa festa. O que você acha?
Paulinha demorou a responder, mas depois disse:
Então vamos preparar polenta, farofa de carne seca, arroz e refresco de limão.
Passou meia hora o grupo de letras saiu da biblioteca bem devagarinho em direção a sala onde estava a caixa, lá olharam como estava o restante das letras, as consoantes. A letra U como sempre, falou:
Meu Deus! Não sabe nem divertir, estão aí quietas feito uma árvore fincada no solo!
As letras fizeram aquela algazarra. A letra A chamou à atenção e disse:
— Cuidado, alguém pode ouvir.
Naquele momento combinaram de ir ficar escondidas atrás das plantas, a letra A fazia questão de participar das brincadeiras de Talita mesmo de longe. De repente um vulto passou por ali, todos ficaram agachados e em silêncio, pois o pai de Talita, o senhor Lucas, tinha acabado de entrar no quarto que ficava próximo daquela sala, logo depois, saíram para o jardim. Então eles ficaram escondidos por uma meia hora atrás das árvores. A letra A estava adorando tudo para ela estava muito divertido, mas a letra U estava muito inquieta e disse:
Ah! Essa brincadeira das meninas está muito chata! Eu quero sair daqui! Quero sair daqui!
— Silêncio! Silêncio! Disse as letras E, I e O.
A letra U estava inconformada e indagou:
— Vamos brincar no canteiro de dona Úrsula, a avó de Talita.
O restante das letras não aceitou, porque acharam que poderia ser muito perigoso, dona Úrsula era muito brava e esperta, corriam o risco de a vovó pegá-las e trancá-las dentro da caixa. A letra A queria ficar ali até fim da brincadeira, as letras E, I e O resolveram voltar para a caixa para se juntar ao outro grupo de letras, as consoantes. A letra U estava meio afastada das outras, pois, ficou irritadiça. Depois chamou os colegas e falou:
— Pessoal, vamos conversar, tudo está muito cansativo, tive a ideia de caminhar um pouco por aí, juro que voltamos logo.
A letra A teve medo, de início ela não queria ir, mas os amigos a convenceram em fazer esse pequeno passeio. A letra O falou:
Sairemos de mãos dadas e bem agachadas, ninguém vai nos ver.
E as letras A, E, I, O e U saíram silenciosamente pelo portão grande, rumo a uma plantação de feijão que estava bem verdinha e com as plantas ainda pequenas. O grupo ia brincando muito, primeiro veio um ventinho leve que elevaram elas só um pouquinho, cerca de meio metro do chão, afinal elas eram letras feitas em pedacinhos de papel quadrados. A letra A demonstrou - se um pouco preocupada, as letras O, I, E e U não se preocuparam com nada, apenas debochavam de tudo e juntas gritavam:
Faça cócegas em nós! Ei não pare de fazer cócegas!
E foi aquela gritaria, elas estavam tão envolvidas que não perceberam que o vento os levavam gradativamente, as brincadeiras estavam boas demais eram muitas piruetas no ar. Ficaram todas distraídas, e repentinamente passou um vento bem forte e levou-as para o alto. Naquele momento todas ficaram assustadas, até a letra U.
As letras E, O e I ficaram agarradas uma na outra, a vogal A ficou tremendo foi preciso a letra segurá-la. A letra I gritou: — estamos longe do chão, e agora?

O ARREPENDIMENTO: AH! NÃO! COMO SAIR DESSA ENRASCADA?

Para o desespero das letras, o vento soprou ainda mais para o alto. A noite chegava e ele deixou-as, agarradas numa árvore bem no alto de uma montanha. A previsão é que elas passariam a noite ali. A letra U estava se sentindo culpada, chorando disse:
A culpa foi minha, fui eu que tive a ideia. Agora eu e meus companheiros estamos correndo riscos de sumir para sempre.
A letra A com toda calma falou: 
— Acalme, segure firme nos galhos da árvore, nada ruim vai acontecer. Deveremos achar uma saída.
A noite começava, a escuridão era imensa, nenhuma estrela apareceu, todos estavam tristes. A letra O meio desconsolada falou:
Eu não gosto das corujas, mas parece que por aqui só escuta o canto delas.
Na casa de Talita, dona Carmem, já tinha acendido as luzes, Talita acabou de tomar banho, sentou-se em frente à sua penteadeira e começou a pentear os cabelos vagarosamente. Ela estava tão feliz que já pensava na próxima brincadeira, trocou de roupas e também arrumou a sua boneca aí se lembrou de ir buscar a caixa lá na sala. A menina achou estranho que a tampa da caixa estava caída num canto, olhou dentro e viu que não estava do jeito que ela tinha deixado, percebeu que faltava as vogais. Naquele momento Talita pensou:
— Será que as letras eram encantadas e eu não sabia? Será que eram letras saltitantes?
Talita sentou-se no sofá e pôs-se a chorar baixinho, e pensando consigo mesmo falou:
Eu devia ter sido mais cuidadosa, como sempre fui, porque eu tinha que deixar a caixa aberta? Sei que meu pai é um homem bom, mas vai me dá uma bronca. Minha mãe só vai a capital no início do próximo mês. E agora?
Minutos depois, Talita ouviu sua mãe dizer:
Talita, vem filha tomar a sopa.
Ela veio andando pelo corredor toda tristonha, desconfiada, parece que o corredor de sua casa tinha ficado mais comprido, parecia que ia demorar a noite toda para chegar até a cozinha. Depois sentou-se à mesa, dona Carmem percebeu que ela estava estranha e perguntou:
O que aconteceu?                                   
Com a voz trêmula Talita respondeu:
É porque as letras A, E, I, O, U sumiram da caixa com alfabeto. Amanhã tenho de levá-las para a escola, pois vou escrever a minha lista de palavras novas.
Meio bravo o pai falou:
Ah! Filha, quando você envolve demais com as brincadeiras acaba esquecendo-se de tudo, não pode ser assim, primeiro tem que guardar os objetos que são úteis.
Talita continuou chateada e disse:
— E agora o que vou dizer para a professora Renata? É feio dizer que a caixa caiu de um lado e a tampa de outro, puro descuido. 
Depois do jantar, dona Carmem chamou Talita e disse:
Vamos procurar as letras agora.
Com a ajuda de dona Úrsula, Carmem procurou as letras embaixo do sofá, em cima da estante, embaixo do tapete e tudo foi em vão. Chegaram à conclusão que elas tinham sumido inexplicavelmente.
Já era quase meia-noite, então dona Úrsula disse:
— Vamos nos deitar, amanhã resolveremos o que fazer.
No topo da montanha, as cinco letras permaneciam grudadas na árvore. Mas, a letra I, chamou à atenção e disse:
— Vejam! Quantos vaga-lumes estão vindo em direção da árvore?
Foi em questão de segundos os vaga-lumes se multiplicaram, e luzinhas amarelas piscava por todos os lados. As letras passaram a noite apreciando-os. 
Era manhã, dona Carmem acompanhou a filha até a escola. Sem perder tempo, logo em frente da sala elas chamaram a professora, em seguida Carmem falou:
Talita hoje está muito triste e envergonhada, pois, ela não vai poder fazer o trabalho que você pediu, porque as letras A, E, I, O, U, sumiram da caixa inexplicavelmente, eu e Lucas só poderemos ir à cidade no início do mês que vem, para comprarmos outras.
A professora Renata, olhou para Talita e disse:
— Tudo bem, eu compreendo, há de ter uma saída.
Quando chegou na sala Renata falou: 
— Turma tem um comunicado a fazer. As letras A, E, I, O e U sumiram da caixa de letras de Talita, agora é importante que vocês sejam solidários e empreste as letras que vocês têm até que ela arranje outras.
Naquele instante Paulinha convidou Talita para sentar do seu lado e as duas começaram a formar as palavras que a professora pediu. Na hora do recreio enquanto lanchavam com a turma Davi teve uma ideia e falou:
— Pessoal, que tal se formos para a casa de Talita para ajudá-la a procurar as letras?
Fábio, Pedro e Luana acharam a ideia ótima e falaram:
— Bom demais Davi, podemos nos dividir em grupos e uma procura pelas letras numa parte da casa.
Então, tudo ficou acertado que a turma iria na sexta-feira daquela semana.
Enquanto lá na mata as letras permaneciam grudadas nos galhos secos da árvore. A Letra A sonhava com hora de sair daquela montanha. A letra U queria a todo o momento descer de lá rolando, mas os companheiros não aceitavam de forma alguma, a letra A sempre dizia:
— Nem pensar, sabe que é muito perigoso, podemos rasgar ou amassar.
Exatamente naquela hora bateu um vento bem suave, então a letra A achou que era o momento de desgrudar daqueles galhos secos e voltar para a caixa. Mas, para a surpresa de todos um vento muitíssimo forte soprou-as para o alto desta vez elas se espalharam no ar, agora os amigos haviam se separados. Todos se olhavam e viam na imensidão do universo só uma mancha branca bem pequenina.
Lá no alto a letra U viu um urubu que voava sobre ela, encheu de coragem e gritou:
Urubu, Ajude-nos! Estamos correndo perigo! Ei ajude-nos, por favor! Ele só bate as asas, parece que não está me ouvindo. Meu Deus! Não entendi nada o urubu sumiu inexplicavelmente.    
Os restantes das letras ficaram apavoradas não conseguiram dizer nada, mas enxergavam de lá do alto uma clareira no meio da mata. De repente bateu um vento bem leve que ia tocando-as vagarosamente e elas se alegraram, pois estavam mais próximas umas das outras. Porém ainda não dava para segurar nas mãos, mas, já escutavam o que cada uma dizia. De repente a letra O gritou:
— Veja letra E, a letra A caiu naquele clarão, e agora?
A letra E respondeu:
Temos que tirá-la de lá.
Num piscar olhos a letra E também se escapuliu e foi gradativamente para o meio do clarão. A letra O arregalou tanto os olhos que parecia duas bolas de gude. Nem conseguiu ver se a letra I já tinha caído quando veio em si já estava caindo dentro do clarão e mal caiu no chão, a letra U já caía também em cima dela que ficou um pouco amassada. A letra O sentiu muita pena da letra A porque estava toda trêmula. No meio do galpão, a letra I coitada, se perdeu nos seus pensamentos com os olhos meio arregalados pensou:
Olha que galpão imundo! A dona dele é a mulher mais feia que já vi. É alta e muito magra. Meu pai do céu, parece que é banguela também! Só tem um dente na frente da boca.
A bruxa magra aproximou das letras, principalmente da letra I e disse:
O que você está resmungando aí?
Meio suada a letra nem conseguiu responder nada, o olhar zarolho da bruxa lhe deixou sem palavras. Depois ela olhou para todas e disse:
— Suas letrinhas metidas! Aventureiras, atrair vocês para meu galpão porque queria roubar vocês daquela remelenta, a Talita. Toda menina remelenta eu tomo delas alguns objetos. Meio que resmungando a letra U falou:
— Não fale assim dela!
A bruxa magra virou uma pimenta, segurou a letra e quase amassou. Depois de muitos xingamentos a bruxa sentou-se num caixote e falou:
— Vocês são muito resmungonas, há três meses que atrair para cá um cachorrinho de estimação da tal Samara, que é outra remelenta dessas redondezas. Sabia que o cachorro até agora ainda não latiu? Mas é porque ele me obedeceu ao contrário de vocês. Portanto vou dá um castigo, vocês vão ficar alguns meses dentro deste baú.
Enquanto a confusão passava uma aranha que morava ali escondida há muito tempo, pensou consigo mesmo:
Elas estão perdidas, eu já vi coisas por aqui, na casa dela tem um papagaio que não fala há mais de um ano, a bruxa disse que pertence a Rafael lá da região sul, tem uma boneca daquelas que chora, há dois anos que não ouve o choro dela, disse que a boneca pertence a Mônica também dessas redondezas. Eu acho essa bruxa uma tremenda de uma antipática, pois ela fica falando que todas as crianças são remelentas. Que absurdo!

A BUSCA: EI! AJUDE A SALVAR AS LETRAS!

Era sexta-feira, os colegas da escola de Talita já começavam a chegar para ajuda a procurar as letras. E resolveram dividir os grupos de crianças para que cada um procurasse em partes diferentes da casa, então, tudo foi organizado assim: Fabio, Davi e Hélio foram para a sala, Luana, Samara e Emanuel foram para a biblioteca, Talita, Duda e Érica foram para o quarto dos pais, Paulinha, Maurício e Carla foram para o quarto de Talita, Paola, Pedro e Lívia foram para a cozinha, Ricardo, Mário e Antônio foram para o almoxarifado e dona Úrsula foi procurar no quintal. Já era meio-dia e as letras não foram encontradas, dona Carmem pôs a mesa e convidou todos para almoçar. Durante o almoço ninguém comentou sobre o sumiço das letras foi silêncio total. Depois que acabaram de almoçar, Talita convidou-os para sentar debaixo das árvores todos conversavam, Fábio chamou a atenção e disse:
— Pessoal, acho que pode haver um mistério no sumiço das letras, um dia a minha mãe contou que antigamente tinha uma bruxa que sumia com alguns objetos ou brinquedos das crianças. Maurício que estava sentado bem próximo falou:
Podemos ir falar com o senhor, Jeremias Monteiro, ele é o morador mais antigo do povoado. Se ele já tem 83 anos de repente sabe alguma coisa sobre essa história.
Dona Úrsula que estava ali perto ouviu a conversa e resolveu intervir:
— Eu posso levar vocês lá, pois aproveito para rever meus compadres, podemos passar o dia na casa deles e pedi para a comadre Beatriz fazer aquela comida tão gostosa.
Então tudo ficou acertado para realizar o passeio na terça-feira.
Enquanto no galpão da bruxa as letras continuavam trancafiadas no baú velho chegou a noite letra A começou a pensar:
Meu Deus, parece que tem morcegos voando por aí, baratas mexendo as antenas e ratos andando por todo galpão. Só de pensar nesses bichos me dar nojo.
Era terça-feira de manhã, a turma já chegava para ir ao passeio. A casa do senhor Jeremias ficava um pouco afastada do povoado, mas dava para ir a pé. Dona Úrsula orientou as crianças de como teria que agir durante o passeio, então ela bravamente falou:
Não fiquem distante de mim, presta bastante atenção, cuidado com animais peçonhentos de repente pode aparecer algum por aí.
Quando o grupo chegou, dona Beatriz o recebeu com muita alegria, logo serviu café com bolo de fubá, depois o senhor Jeremias sentou-se com as crianças debaixo do pé de tamarindo que ficava na frente da casa, então, ele começou a contar causos e lendas para e todos deram muitas risadas, horas depois, Talita perguntou:
— Senhor Jeremias, o que você sabe sobre uma bruxa que esconde objetos das crianças?
E ele rapidamente respondeu:
— O meu avô contava que uma bruxa muito malvada atraia brinquedos, animais e objetos com a força do seu pensamento, ninguém sabe como, mas os objetos vão parar onde ela mora eles podem ir voando ou caminhando. Dizem que ela é invejosa, e odeia crianças, por isso, ela roubava os seus brinquedos. Meu avô dizia que tudo que roubava ficavam com ela para sempre.
Minuto depois, escutaram dona Beatriz falando:
— Jeremias, vem almoçar com as crianças.
A criançada comeu até fartar. Já estava no meio da tarde, dona Úrsula se dirigiu para perto das crianças e falou:
Crianças vão despedir e agradecer pela hospitalidade, as regras para voltar são as mesmas, não se distancie de mim.
Já estavam na metade do caminho Talita falou:
Diante da história que o senhor Jeremias contou as vogais da minha caixa do alfabeto não irá mais aparecer, agora o único jeito é comprar outras no mês que vem.
Chegaram a casa de Talita alegremente, comentando com Lucas o quanto tinha divertido e também pela descoberta que tinham feito sobre a história da bruxa. Lucas achou muito bom e disse:
Não tem importância eu e Carmem vamos comprar outra caixa com o alfabeto e Talita agora deve ter mais cuidado com as coisas dela.
Todos agradeceram dona Úrsula pela companhia e foram para suas casas, prometeram conversar mais sobre o passeio na hora do lanche na escola.
No galpão da bruxa magra a aranha que morava no telhado achou estranho que ela não teria aparecido para aborrecer as letras prisioneiras, nenhuma vez a bruxa teria dado um castigo tão grande a alguém. A aranha pensava em quantas vezes a bruxa já gritou:
— Ninguém consegue derrotar-me, nada me matará e nem me transformará!
Na verdade, aquela aranha sabia da existência de alguém que conseguia vencê-la. Era só dá um jeito de avisá-la. Afinal de contas a bruxa nem desconfiava que a aranha estava morando ali a muito tempo.
Já se passavam duas semanas as letras permaneciam presas, a aranha sentiu muita pena e começou a pensar em ajudá-las. Era manhã e a aranha pensou em sair durante o dia, precisava só deixar alguém para olhar a teia e os seus ovos. Naquele exato momento ela ouviu que alguém vagarosamente falou:
— Bom-dia dona aranha!
E ela respondeu:
— Bom-dia! Que surpresa! A senhora por aqui!
Era uma lagartixa preguiçosa que veio fazer-lhe uma visita. A aranha olhou para ela e viu uma saída, logo em seguida falou:
Preciso nesse momento, fazer uma viagem bem rápida quero que você fique olhando os meus ovos, cuidado com a bruxa que mora ao lado, pois ela pode comê-los ou pisá-los. Quando voltar eu explicarei tudo para você.
Aranha saiu de casa sorrindo, pois achou divertido, a amiga lagartixa estava com tanta preguiça que arregalou só um olho e ficou com o outro fechado. Então a aranha saiu rumo a lagoa do alto de longe gritou:
— Ema! Vamos salvar as letras que estão presas no baú da bruxa!
A ema ficou assustada e perguntou:
— O que eu faço?
Imediatamente a aranha respondeu:
— Vamos comigo até a ilha encantada, lá eu conto o que vai acontecer.
A ema se preocupou, pois, estava chocando vários ovos e precisava de alguém para olhar. Naquele instante saía da lagoa um sapo grande, ela não pensou duas vezes e falou:
Sapo! Sapo! Fique olhando meus ovos, preciso sair durante o dia.
O sapo arregalou bem os dois olhos que não piscava, a ema sentiu que ele iria mesmo proteger o seu ninho. Então os dois animais saíram com muita pressa para a ilha encantada. A ema corria na frente a aranha corria atrás, depois de ter andado bastante a ema avistou o iguana que comia ervas na beira da estrada de longe ela gritou:
— Iguana ajude a salvar as letras que estão presas no baú da bruxa!
O iguana meio que tonto rodou, olhou para as ervas e falou:
Ih! Se eu não comer agora o gorila vai comer tudo. Do jeito que ele é comilão, não vai deixar nada para mim.
Naquele momento surgiu um camaleão e o iguana perguntou:
Você pode ficar olhando essas ervas para mim?
O camaleão demorou a responder, mas, depois disse:
Posso sim!
O iguana andou um pouco, depois olhou para trás não viu o camaleão, preocupado disse:
Meu Deus! Ele se disfarçou! Essa não!
Os três animais saíram correndo com toda pressa, desta vez a aranha atrás, a ema no meio e o iguana na frente. Já era quase onze da manhã quando eles chegaram a margem esquerda do rio, foi a maior enrolação para chegar a ilha, pois não apareceu nenhum barco por ali, a aranha já estava desesperada, de repente surge um gato cantarolando. O iguana ficou desconfiado achou que o gato era malandro, invocado, pois na beira do rio ele andava de focinho para cima. O gato aproximou-se, a aranha logo disse:
O senhor sabe de alguém que tem um barco para nos levar até a ilha encantada?
O gato com a voz meio arrastada respondeu:
Hoje, aqui só tem o meu, mas não posso leva-los, pois estou de folga e ainda com a pata esquerda traseira machucada.
O iguana fazendo cara de nojo pensou silenciosamente:
Mal um arranhão minúsculo, esse gosta de sombra e água fresca.
Mas, a aranha insistiu:
— Senhor gato, precisamos salvar as letras que estão presas no baú da bruxa, por favor, nos ajude!
Comovido o gato disse:
— Muito bem, eu levo vocês lá.

A UNIÃO: PSIU! TODOS JUNTOS, VAMOS TIRAR AS LETRAS DO BAÚ.

Parece que o iguana e o gato não se deram bem, o gato pediu para a aranha se sentar na frente, a ema no meio e o iguana atrás, o lugar que ele sentou era tão pequeno e apertado que a ponta da sua cauda ficou dentro d’água. O gato entendeu que era um caso urgente, então foi remando com muita velocidade. O iguana pensou que o barco ia virar, mas em pouco tempo eles estão bem próximo da ilha. Quando chegaram foram recebidos pela ovelha Fofa, que imediatamente providenciou os bancos para todos se sentarem, inclusive o gato.
Cinco minutos depois, a aranha falou:
— Gente, agora posso fazer o meu comunicado, espere por mim aí.A ovelha me guiará até a sala secreta, vocês nem imaginam o quanto é difícil para chegar até lá, o caminho para essa sala é um labirinto. 
A ovelha fofa falou:
— Cozinheira Zilá, cuide das tintas, dos pincéis, das linhas de lã e das agulhas de costura, cuidado com as borboletas que gostam de se lambuzar nas minhas tintas.
Naquele exato momento a aranha foi guiada para a sala secreta, enquanto isso os seus amigos ficaram aguardando no alpendre. Estava um silêncio quando ao mesmo tempo todos viram um urubu que voava em direção a ilha, depois ele se aproximou e disse:
Gostaria de fazer parte desse grupo e ajudar a salvar as vogais.
Alguns minutos depois a aranha apareceu dizendo:
Vocês podem voltar agora, peço ao gato que vá remando até perto da casa do iguana, depois seguem a pé até o galpão, é bem provável que chegarei primeiro.
O urubu falou:
Eu também dona aranha faço parte desse grupo, deixei as minhas carnes lá, pedi para o tucano abanar todas as moscas que aparecer. Sei que ele vai olhar com carinho, pois ele é um grande amigo. Há mais ou menos duas semanas que vi essas cinco letras girando no ar, elas me pediram ajuda, mas não sei o que aconteceu bateu um sol forte, fiquei tonto, assentei nas árvores e não sei o que elas fizeram.
A aranha ficou contente com a atitude do urubu, mas imediatamente teve que voltar para a sala secreta.
Sem perder tempo os outros animais partiram, desta vez o iguana foi sentado num lugar mais confortável parece que ele e o gato estavam se entendendo, então o iguana foi sentado na frente, a ema no meio e o urubu atrás. O gato desta vez remou bem devagarinho, todos iam conversando e se conhecendo melhor.
Quando o grupo chegou a casa do iguana o camaleão estava deitado, dando muitas gargalhadas ele falou:
— Dei um baita de um susto numa bruxa que apareceu por aqui, eu estava disfarçado quando ela ia pegando as ervas apareci de repente bem rente aos seus pés, ela caiu e bem depressa levantou, depois saiu correndo. Só o gorila que não apareceu.
Aliviado o iguana falou:
Ainda bem, porque se ele tivesse vindo teria comido tudo, do jeito que aquele ali é esfomeado não ia sobrar nada para mim.
Descansaram cerca de vinte minutos, depois seguiram para a casa da ema, chegando lá ela percebeu que o amigo sapo cuidou com capricho do seu ninho, os ovos estavam perfeitos viu que o sapo cuidou tanto que ainda estava com os dois olhos esbugalhados. Resolveram descansar um pouco mais, então sentaram debaixo de uma árvore, o sapo foi nadar na lagoa. O urubu se lembrou da aranha e falou:
— Nenhum sinal da dona aranha, será o que aconteceu?
A ema demonstrou muita preocupação com a aranha e também com as letras.
Enquanto no galpão acontecia algo inesperado, quando a aranha entrou a bruxa que estava lá sentada num banco de madeira foi logo gritando:
— Quem mandou você entrar aqui? Não gosto das aranhas todas são falsas, você deve ser uma espiã.
Então, feito uma louca a bruxa partiu para cima da aranha, pois queria pisá-la, esmagá-la. Mas, para sua surpresa uma forte claridade cobria o seu rosto nada pôde enxergar, e é claro, a aranha aproveitou a luz viva que estava ali e foi correndo para sua teia. Quando o clarão acabou finalmente a bruxa magra e a fada Bela estavam cara a cara.
A fada ergueu a varinha de condão, a bruxa pegou a vassoura e tentou voar, mas a fada apontou a varinha no seu rosto e falou:
Bondade!
E a bruxa mesmo dando cambalhotas falou:
Maldade!
A fada permaneceu firme segurando a varinha, a bruxa continuou dando cambalhotas, mas, deixou a vassoura cair no chão, depois de várias cambalhotas a bruxa veio despencando com a cabeça para baixo e os pés para cima. Quando chegou ao chão a fada a transformou numa pedra.
A aranha imediatamente desceu da teia e juntou-se a fada, depois foi até a casa da bruxa e trouxe a chave do baú, na sequência abriram e as letras saltaram de dentro muito felizes. Quando estavam no chão as letras abraçaram a aranha e a fada, depois juntos pularam em rodinha.
A aranha subiu novamente para o telhado, enquanto a fada conversava e brincava com as letras, a letra U falou:
Quero conhecer melhor esse galpão.
As letras, E, I e O também tinha esse desejo e elas saíram olhando tudo por ali, a letra A ficou conversando com a fada, depois a fada disse:
Vamos voar comigo até o telhado?
A letra A ficou toda feliz e respondeu:
— É claro! Vamos sim!
As duas saíram em direção ao telhado a fada queria conhecer a teia e os ovos da aranha e lá elas viram a lagartixa preguiçosa dormindo tranquilamente, a aranha estava muito satisfeita tudo estava bem. Depois desceram todos juntos para o chão, resolveram descansar na casa da bruxa. A fada chamou as letras e guardou-as numa caixa bem limpinha e colocou-as em cima da prateleira.
Mais tarde, a ema, o iguana, o urubu, o sapo, o gato e o camaleão chegaram a casa da bruxa, ficaram surpresos com o que viram  a ema exclamou:
Meu Deus! Nem acredito que essa pedra é o corpo da bruxa!
Então o sapo teve uma ideia:
— Seria bom que levássemos essa pedra para a beira da lagoa.  Ele perguntou:
O que vocês acham?
A fada deu a sua opinião dizendo:
Acho bom, colocá-la na beira da lagoa deve servir para as pessoas sentarem para fazer uma pescaria, ou para apreciar a água.
Então, imediatamente todos os animais a suspenderam e começaram a caminhar com a pedra, às vezes levavam pendurada às vezes rolando. De repente ouviram um grande estrondo, assustado o urubu falou:
Minha nossa senhora! O que foi isso? Será um tiro de canhão?
Os animais ficaram parados no meio do caminho, mas a algazarra era tanta que acabaram esquecendo esse fato e seguiram trazendo a pedra para a beira da lagoa. Logo depois a fada veio voando para trazer também o chapéu da bruxa e colocou do lado da pedra.
A noite chegou todos procuram um lugar para dormir, a aranha voltou para o telhado juntamente com a lagartixa preguiçosa, o sapo foi para debaixo das plantas no fundo do quintal, a ema se enfiou numas plantas rasteiras que ficavam do lado esquerdo da casa, o iguana foi dormir bem perto de uma erva que ele gosta de comer, urubu deitou-se para dormir numa árvore de galhos secos bem na frente da casa, a fada veio dormir numa cama confortável que ficava no quarto maior, o camaleão esse ninguém viu deve ter disfarçado, o gato não dormiu ficou no telhado do galpão e  da casa vigiando para ver se aparecia algum rato, já era meia-noite e nada de rato. Então o gato entrou em casa, ele começou a andar por toda parte e achou estranho que todos os quartos estavam com as portas abertas só um que permanecia fechado, vendo um molho de chaves pendurado, com quase mil chaves, ele foi experimentando uma por uma foi fazendo a maior bagunça espalhou chaves para todos os lados, mas percebeu que nenhuma daquelas chaves abria a porta. Não dando como satisfeito, o gato foi brincar com os tapetes foi enrolando, foi girando-os é certo que nenhum estava no mesmo lugar de antes, teve um momento que ele ia passando as garras levemente, rasgando um dos tapetes. Foi aí que algo estranho caiu sobre o seu corpo e o gato assustado gritou:
— Socorro! Socorro!
O camaleão falou:
Calma, amigo fui eu que joguei este pano preto sobre você, disfarçado eu estava vendo todas as suas travessuras.
O dia já vinha amanhecendo, era quase cinco horas da manhã ainda com a porta de seu quarto fechado, a fada chamou todos e comunicou que iria levar as letras de volta para Talita. Todos levantaram, a aranha chegou primeiro na sala quando entrou viu que tinha chaves espalhadas por todos os lados e ela indagou:
Quem fez isso?
O gato se aproximou meio desconfiado e respondeu:
Fui eu, queria descobrir o que havia dentro deste quarto, como o feixe de chaves estava ali pendurado peguei para abri-lo, mas foi tempo perdido, pois, nenhuma abriu esta porta.
Ouvindo a conversa a fada saiu do quarto e falou:
Quando levavam a pedra para a lagoa vocês ouviram um estrondo? Pois é, a chave que abria esta porta foi destruída, fiz uma mágica a chave estrondou, virou pó que se espalhou no ar, por isso houve aquele ruído enorme. Nunca mais essa porta abrirá. Garanto que ninguém vai conseguirá abri-la. O gato ficou curioso e perguntou:
— Ué, mas porque não abrirá?
A fada respondeu:
— Esse era o quarto da bruxa, não podemos tocar nas coisas dela. 
Todos sentaram em roda para combinar como seria a viagem, a fada queria que eles colocassem o pé na estrada naquele momento por causa da distância que era muita. Provavelmente, ela chegaria primeiro e esperava por eles. Então os animais já estavam saindo em fila, mas teve que esperar pela lagartixa que ainda estava descendo do telhado. Sem querer o iguana ficou bravo e falou:
— Desse jeito não chegamos lá hoje, apresse lagartixa, apresse!
Aí o iguana ficou com pena e resolveu levar a lagartixa em cima de sua crista.

O REENCONTRO: OH! ESTAMOS DE VOLTA!

As letras acenaram para os amigos. As letras U, E e O estavam ansiosas para voar. A fada precisava de mais alguns minutos para chamar a ovelha Fofa. Então ela pegou a varinha e inclinou em direção a ilha encantada, cinco minutos se passaram e faíscas douradas borbulhavam no ar.No meio daquela fumaça brilhante era a ovelha fofa que estava vindo para ir também à casa de Talita. Quando chegou a fada colocou-a no colo, e cada letra foi pendurada numa ponta da estrela da varinha de condão, e partiu com elas fazendo ondas no ar.    
Na casa de Talita Dona Úrsula já tinha levantado e preparado o café da manhã, Talita achou estranho ela ter acordado àquela hora ainda mais que era manhã de sábado, por volta das seis e meia, mas pela fresta da janela viu uma luz viva que vinha do portão da frente. Talita permaneceu deitada, passaram-se dez minutos e o clarão apareceu novamente, ela resolveu levantar e foi até a porta da frente para averiguar o que era, aproximou e viu uma fada que gritou o seu nome dizendo:
— Talita, essas são as suas letras que desapareceram vir especialmente trazê-las para você.
Admirada Talita falou:
Mãe! As letras foram encontradas por uma fada!
Talita ficou encantada com aquela fada, ela estava usando um vestido branco com linha prateadas, usava uma coroa cor de prata, as suas asas eram brilhantes e ficavam abrindo e fechando o tempo todo. Dona Carmem veio até a porta pediu que a fada entrasse, no meio da sala todos pulavam juntamente com Talita, depois dona Úrsula trouxe a caixa e a fada desceu primeiro a letra A, depois as letras E, I, O, e por último a letra U e Talita guardou-as. Talita pediu que todos se sentassem, então ela falou:
Oh! Papai deixa-me fazer uma festa para comemorar, por favor!
O pai olhou para a mãe e disse:
— Está bom! Eu deixo.
O senhor Lucas, saiu até o portão e pediu que o senhor José Pereira avisasse para todos do povoado que Talita iria dá uma festa, pois a fada Bela trouxe as letras de volta.
Não demorou muito os vizinhos já chegavam para ajudar Carmem e Lucas com os preparativos da festa. Uma mesinha foi colocada no centro do quintal dona Carmem colocou a caixa com o alfabeto em cima só para decorar o ambiente, afinal ela era feita de papelão muito bonito de cor vermelha com bolinhas brancas, e além do mais era grande e redonda. Por alguns instantes Talita parou perto da caixa e pensou baixinho:
Tenho certeza que as letras são encantadas. Se alguém deixar a caixa aberta elas podem sair, andar sozinhas e se esconderem. Sei que aí dentro elas vão se divertir bastante na hora da festa.
Mais tarde quem passou por lá foi a professora Renata, Talita a recebeu e levou até a sala, chamou a fada e disse:
— Quero te apresentar, essa é, a minha professora Renata!
Bela e Renata conversaram ali sentadas no sofá, logo depois dona Carmem entrou na sala e falou:
Renata, é você quem vai animar a festa.
Renata sorriu e respondeu:
É claro!
Paulinha entrou na sala correndo apressadamente e disse:
Talita!  Chegou uma aranha e também outros animais lá no portão.
Ouvindo a conversa a fada Bela falou:
— Esses são meus amigos, eles me ajudaram no resgate das letras.
Talita e Bela saíram rumo ao portão. Com um sorriso no rosto a fada disse:
— Pessoal, essa é Talita, a dona das letras.
Todos saudaram Talita, mas a professora Renata já convidava a garotada para dançar. Os animais apresentaram uma certa timidez, então eles se organizaram assim: a aranha, a ema, o iguana, a ovelha e o urubu saíram de mãos dadas e ficaram do lado direito da pista de dança. A fada, o gato, a lagartixa e o camaleão foram para o lado esquerdo. A festa estava animada muita farofa e refrescos estavam sendo servidos. Com o passar do tempo os animais se soltaram e começaram a participar da festa, só a ovelha que era  tímida, muito quietinha as crianças apenas observavam a sua lã que era muito fofa e branquinha com manchas prateadas, o camaleão mudava de cor a toda hora e fazia a alegria da criançada, o urubu voava para o alto depois voltava, a aranha ficou de olho no gato, pois ela o viu mexendo nos novelos da vovó Úrsula, a ema dançou e foi aplaudida por todos, de vez em quando a fada era quem servia a lagartixa, pois ela se movimentava muito pouco, o iguana comia de tudo, exagerava até, foi preciso que a ema chamasse a sua atenção:
— Cuidado você vai ficar empanzinado, é preciso deixar comida para os outros.
O pai de Talita chamou a atenção de todos e falou:
Pessoal, olha só se sentem que agora vai ser servido o almoço.
Parecia que tudo estava uma delícia a criançada lambia os beiços. Já eram dezesseis horas, e Talita falou:
— Atenção pessoal vou homenagear todos que ajudaram a salvar as letras A, E, I, O, e U. Mandei escrever o nome de cada um nessas plaquinhas de madeira, agora vamos finca-las naquele jardim ali do lado esquerdo, vamos coloca-las entre as flores.
Todos se dirigiram para o jardim, lá o senhor Lucas ia fincando as plaquinhas e Talita ia mostrando e lendo os nomes dos homenageados. Era fim de festa os animais já se despediam, formavam fila para seguir na trilha e voltar para casa. A fada demorou um pouquinho mais, conversou com os moradores do povoado e disse:
— Todos os objetos desaparecidos deverão voltar para as crianças através de uma mágica.
Naquele momento, as asas da fada já estavam abrindo e fechando e soltando faíscas brilhantes, ela colocou a ovelha no colo e as duas voaram rumo a ilha encantada, por onde passavam formou-se uma linha prateada. Só restou às pessoas daquele povoado bater palmas para elas.
Alguns anos se passaram Talita já estava ficando uma mocinha agora ela cuida direitinho de suas coisas inclusive daquelas letras. Se um dia você passar por aquelas redondezas, no norte do estado do Amazonas, pode sentar naquela pedra que um dia foi a bruxa, use também o chapéu dela, depois deixe no mesmo lugar, não pode leva-lo para casa, a fada garante, ela não voltará.