Natal de uma criança sonhadora

Autor: Antonio Paiva Rodrigues

Contato: celpaiva@oi.com.br

“Alegria é o cântico das horas com que Deus te afaga a passagem no mundo. Em toda parte, desabrocham flores por sorrisos da natureza e o vento penteia a cabeleira do campo com música de ninar.” (Chico Xavier).
Toda vida germina através de uma semente, seja ela divina ou não. A mãe Terra verte a água necessária para regá-la, e dar-lhe a fortaleza para seu robustecimento e produção de frutos em abundância. A alegria é o cântico das horas com que o Pai Maior nos afaga na passagem no mundo. Neste mês de dezembro a humanidade se engalana para comemorar a vinda de uma criança, que com sua espiritualidade, difundiu o bem, e pregou o amor ao próximo. Ruas, avenidas e residências se transformam, a beleza se instala e a luminosidade cativa e engalana os olhos de quem vê. A natureza se transforma, o dia se torna mais belo e aconchegante.
O mundo Ocidental comemora de variadas formas. Mesas fartas, perus recheados, regados a vinho e a Champagne, engalanam o recinto da família que fará a festa, com ceia especial para comemorar o nascimento do Messias. Poderíamos tornar este écran mais alegre, mais lucilante, e por instantes nos vemos inseridos em noites deslumbrantes, aconchegantes, auspiciosas, de estrelas brilhantes e radiantes, num céu esplendoroso de aurora inebriante e fascinante. Apesar de todo esse aparato, nem tudo é um barato como se diz no jargão popular. A alegria contrasta com a tristeza, entre crianças ricas e pobres.
Ansiamos por um orbe mais humano e espesso, onde todas as crianças pudessem sorrir. Tudo se compra nesta festa, menos o sorriso de uma criança. Na vasta solidão que se encontram os pequeninos menos aquinhoados, fazem a sua festa ao bel prazer. Na solidão das ruas, ao sol causticante é um sofrimento constante. O vil metal é aquele que se apura nas ruas, e nem o pão os maltrapilhos conseguem comprar. A fome é a diretriz.
A esperança de um presente estagna na incompetência das autoridades, visto que com dinheiro o esforço é renovador para eles, e a falta uma melancolia para os estropiados. O Bom velhinho, ainda é a esperança dignificante para os meninos de rua, mesmo que seja com o olhar tristonho ao vislumbrar uma bela vitrine de uma grande loja, nos enfeites dos grandes shoppings, e nas belas árvores espalhadas pelas grandes avenidas das cidades. A festa deveria ser igual para todos, mas infelizmente a recíproca não é verdadeira.
Onde estará a igualdade tão sonhada? Oh! Pai Eterno, neste dia lembre-se das crianças esquálidas que morrem de fome no Continente africano, nas vielas e favelas do Brasil.”Aliás, se fomos criados a sua imagem e semelhança” (grifo nosso) porque tanta disparidade entre os seres hominais? Antes cedo do que tarde façamos o bem sem alardes, só por caridade. A pobreza não é doença apenas indiferença dos ambiciosos e covardes. Alheios aos sofrimentos, a fome, a miséria que destempera e aniquila. Amigos a saúde e a felicidade são consciências tranquilas.
Que o menino Jesus seja a esperança das crianças indefesas e sem vaidades, que perambulam pelas ruas das cidades a cata do pão de cada dia. Uma mão lava a outra, e as duas lavam a face, diz o velho clichê popular. Então, vamos imantar uma caridade em nosso coração, ajudar um irmão pequenino, para que ele possa sorrir e se inseri na festa magna da cristandade. Muitas dessas inocentes e pequeninas criaturas pensam e meditam baixinho dizendo: Não tenho casa moro na rua, quero sonhar com o sininho do bom velhinho.
Acorda meu filho Jesus nasceu e um presente veio te dar. Vida nobre, casa, comida, escola, alegria, amor puro e um lar. Natal é para mim uma data especial, o menino Jesus iluminou minha vida, deu-me guarida e outra vida para desfrutar. Abençoadas sejam as crianças pobres e ricas, pois nelas residem à esperança de um Brasil salutar. Que nesta noite de natal se o mal te chamas não vás, seja brilhante é fácil conseguir o ouro, pois Jesus o bem nos ensinará. Deixai vir a mim as criancinhas, pois elas herdarão o reino dos céus.


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