8 horas e 45 minutos

Autora: Camila Colantônio

Contato: kamilalirakk@hotmail.com

Oito horas e quarenta minutos. Sentia-se um pouco enjoado. Teria que provar tudo que aprendera tudo que acreditara em um período muito curto de tempo. Rezava, olhava constantemente para as nuvens que passavam cada vez mais rápido a sua frente, pensava sobre a vida e, claro, sobre a morte, sina de todos, a única coisa certa da jornada vital. Não importa como, todos teriam seu fim um dia. O fim dele certamente seria mais nobre, não estava sozinho, nunca estivera.Pilotava o avião, e não sentia como achava que deveria estar, feliz ou satisfeito.
Lembrou dos filmes, poucos que lhe era permitido assistir, onde os "serial-killers" matavam por prazer e ficacam vivos, só para serem pegos. Ele não!Ele tinha uma razão, uma causa. Ao pensar nisso, seu estômago, ainda enjoado, deu uma reviravolta. Sentia um ódio tão grande, um ódio maior que sua prórpia vida, um ódio que representava o que muitas outras "vidas" sentiam no momento. Detestava aquele lugar, tão puritano e tào infernal, detestava aquelas pessoas que se fingiam livres, detestava, com toda a força de sua alma e de sua fé, o representante do lugar, que era prepotente, arrogante e burro o bastante para prever tal sentimento e não fazer nada a respeito.
E, pela primeira vez, sorriu, sabia que ao fazer aquilo iria mudar o mundo, ou, pelo menos iria mudar algo. Uma revolra nasceu em seu peito, então era assim , era assim que iria tornar realidade as esperanças de seu país, suas próprias esperanças? Era assum. Acabando com a sua vida. Devia ter alfo além, além da morte certa... Precisava ter... Isso tudo não seria em vão.
Dessa revolta um outro sentimento brotou em si, desespero. Escutou ainda mais alto, as pessoas gritando, olhou para baixo, viu uma estátua com uma tocha na mão. Liberdade. Quem era livre? Ninguém é livre, pensou ele, se não é controlado por suas crenças, é controlado pelo medo, da morte, da solidão, da própria vida que nasce a cada segundo.
Naquele momento não sentiu ódio de nenhuma coisa sólida, de nenhum império, de nenhuma política, de nenhum político, sentiu ódio apenas de si mesmo, por ter sido controlado de tal forma que aceitara fazer quakquer coisa, de ser caçador em vez de caça. Pensou em todas as coisas que podia ter feito.
Mas era tarde demais... Como deveria ser o paraíso?
Iria descobrir agora 8 hrs e 45 minutos, o World Trade Center estava muito perto.


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